Pretos representam apenas 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores no Brasil
Carreira acadêmica é barreira quase intransponível para a população que se declara negra no Brasil
16 JUL 2025 - 11H07 • Por Wilson LopesO estudo ‘Brasil: Mestres e Doutores 2024’, publicado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), associação civil sem fins lucrativos, sediada em Brasília, supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), revela que o topo da carreira acadêmica é intransponível para a população que se declara negra no Brasil (55,5%, conforme o Censo 2022).
Utilizando um conjunto de informações estatísticas sobre a formação e o emprego de 1.001.861 mestres e 319.211 doutores que se titularam no Brasil entre os anos de 1996 e 2021, o CGEE constatou que os pretos representam apenas 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores, apesar de majoritários na população brasileira.
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Número de doutores titulados 1996/2021 (por cor ou raça)
- Branca: 59.0%
- Preta: 3.4%
- Parda: 14.9%
- Indígena: 0.3%
- Amarela: 1.6%
- Sem declaração: 20.8%
- Total: 100%
Número de mestres titulados 1996/2021 (por cor ou raça)
- Branca: 49.5%
- Preta: 4.1%
- Parda: 16.7%
- Indígena: 0.2%
- Amarela: 1.2%
- Sem declaração: 28.3%
- Total: 100%
5 doutores negros por 100 mil habitantes
Segundo o relatório do CGEE, em 2010, a média de titulações de mestres na população total do Brasil era de 20,7 mestres para cada 100 mil habitantes, passando para 29,3 mestres por 100 mil habitantes em 2021. Na população preta, eram 8 mestres por 100 mil habitantes, em 2010, passando para 21 mestres por 100 mil habitantes em 2021.
Com relação ao número de doutores na população brasileira segundo cor ou raça, na população branca havia 7 doutores por 100 mil habitantes em 2010, passando para 14 doutores por 100 mil habitantes em 2021. Já na população preta, parda e indígena, este indicador no Brasil, em 2021, era de cerca de 5 doutores por 100 mil habitantes.
Pretos recebem 13,6% a menos
As disparidades permanecem no mercado de trabalho, após a conclusão dos cursos entre quem tem a mesma titulação. “Os brancos ainda concentram a maioria dos vínculos empregatícios”, assim como permanecem as diferenças de remuneração. “Em 2021, os mestres pretos recebiam, em média, 13,6% a menos que os mestres brancos. Entre os doutores, a diferença foi de 6,4%.”
Quando se analisa a remuneração, acrescenta em nota a coordenadora do estudo, Sofia Daher assessora técnica do CGEE e analista em ciência e tecnologia, observa-se uma desvantagem significativa, com salários inferiores aos da população branca, tomada como referência por apresentar as maiores remunerações entre mestres e doutores.
“Apesar de os indivíduos, que contam com tais qualificações, representarem uma parcela diminuta da força de trabalho total, eles são essenciais para a capacidade de qualquer país absorver, transformar e produzir conhecimentos, assim como gerar inovações. Além disso, eles são essenciais para a formação ou qualificação de outros recursos humanos. Por tudo isso, eles desempenham papéis vitais nos processos de aumento da produtividade e competitividade da economia e de elevação da qualidade de vida dos cidadãos”, adverte o relatório do CGEE.
Com informações da Agência Brasil e do CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos.
@cgee_oficial @capes_oficial @inep_oficial @cnpq_oficial @mintrabalhoeemprego @mineducacao @mcti @ministerioigualdaderacial
Acesse o estudo BRASIL: Mestres e Doutores 2024>>
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