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Terra infértil

População rural ainda colhe abandono de serviços públicos

Pesquisa do IBGE revela que serviços públicos como água tratada, coleta de lixo e rede de esgoto, ainda não atravessaram a porteira de quem mora e produz no campo

25 AGO 2025 - 12H07 • Por Wilson Lopes
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) instala água tratada na comunidade rural Alto do Divino, a 11km da sede do município de Campo Morão, na propriedade de João Ferreira Lopes - Arnaldo Alves/AEN

O módulo ‘Características Gerais dos Domicílios e Moradores’ da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que ainda há um abismo entre os serviços oferecidos pelo poder público para quem mora no campo e na cidade. 

Segundo o estudo, 86,9% dos domicílios brasileiros são servidos com coleta direta de lixo por serviço de limpeza. Na área urbana, o serviço alcança quase universalização (93,9%), mas na área rural, o serviço ainda não contempla nem um terço dos domicílios (33,1%). 

Entre aqueles que não são atendidos pela coleta direta, 50,5% queimam o lixo na propriedade e 11,7% são obrigados a transportar o lixo para sistemas de coleta em caçambas de serviços de limpeza.

Em Campo Verde, Mato Grosso, a coleta é feita todos os dias na cidade, enquanto nas comunidades rurais a frequência varia conforme a população (Prefeitura Campo Verde/MT)

Esgoto direto nas áreas fluviais

Entre os domicílios em situação rural no país em 2024, 36,8% (3,2 milhões) possuem fossa séptica não ligada à rede, enquanto 53,8% (4,6 milhões) utilizam outro tipo de esgotamento, como fossa rudimentar não ligada à rede, vala, escoamento direto para áreas fluviais. Nas áreas urbanas, tais formas de destinação de dejetos são usadas por 12,4% (8,5 milhões) e 9,5% (6,5 milhões), respectivamente, dos domicílios.

A PNAD Contínua mostra que apenas 9,4% dos domicílios rurais tinham escoamento do esgoto feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral em 2024, enquanto essa proporção chegava a 78,1% em áreas urbanas. 

Em áreas urbanas, 99,5% dos domicílios dispunham de banheiro de uso exclusivo e 78,1% tinham acesso à rede geral de esgotos. Entre os domicílios em situação rural, 89,1% possuíam banheiro de uso exclusivo e, em apenas 9,4%, o escoamento do esgoto era feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral.

Rede geral de água

Em 2024, 86,3% dos domicílios tinham acesso à rede geral de abastecimento de água (66,7 milhões), frente a 85,8% em 2016. Entre os 68,5 milhões de domicílios em áreas urbanas, 93,4% têm a rede geral como a principal forma de abastecimento de água. 

Já entre os 8,9 milhões de domicílios rurais, apenas 31,7% são abastecidos predominantemente por rede geral, o equivalente a um em cada três lares. A maioria dos domicílios rurais recorre a outras formas de abastecimento de água: 30,8%, por poço profundo ou artesiano; 12,9%, poço raso, freático ou cacimba; 13,3%, fonte ou nascente; e 11,2% são abastecidos, principalmente, por outra forma, incluindo rios, açudes e caminhões-pipa.

Energia elétrica na totalidade das moradias

O acesso à energia elétrica chegava a 99,8% das 77,3 milhões de moradias do país em 2024, seja via rede geral, seja via fonte alternativa. 

Domicílios em área urbana e rural também têm elevada cobertura de energia elétrica, respectivamente, 99,9% e 99,2%. No entanto, o percentual de residências rurais que dispõem de energia proveniente de rede geral era mais baixo (97,4%), notadamente no Norte (85,2%). Nessa região, considerando-se a rede geral e fontes alternativas, 97,1% dos domicílios rurais tinham acesso à energia elétrica, o que revela a importância de fontes alternativas como única fonte desse serviço para a população nessas localidades.

Com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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