Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu...
Governo federal decreta Carnaval do Rio e Carnaval de Salvador como manifestações da cultura nacional e institui o Dia Nacional da Axé Music
8 SET 2025 - 15H34 • Por Wilson LopesO governo federal sancionou duas leis reconhecendo o Carnaval do Rio (Lei n.º 15.188/25) e o Carnaval de Salvador (Lei n.º 15.196/25) como manifestações da cultura nacional, além de instituir o Dia Nacional da Axé Music (Lei n.º 15.189/25). Segundo o governo, a manifestações culturais são expressões populares brasileiras da ascendência africana e são importantes geradoras de emprego e renda.
O Carnaval do Rio de Janeiro é um dos mais tradicionais do Brasil. A festa é marcada pela pujança econômica e turística, cunho internacional e capilaridade social, além de capacidade de mobilizar a população. Os enredos das escolas de samba vão desde a encenação das glórias da pátria até as mais contundentes críticas sociais às mazelas do país.
“É o artista popular que está sendo reconhecido aqui. É democrático, quem sabe tocar, toca, quem sabe compor, compõe, quem quer dançar, dança, quem quer cantar, pega o microfone e canta. A roda de samba, o desfile do axé, tudo isso é um convite para: ‘traga o seu talento, traga a sua beleza de ter orgulho da sua cara, do seu gingado, do seu ritmo’”, declarou o carnavalesco Milton Cunha.
O primeiro rancho carnavalesco carioca surgiu em 1893 e o primeiro desfile de escolas de samba ocorreu em 1932. Já a primeira vez que os poderes públicos ofereceram apoio e patrocínio ao Carnaval carioca foi registrada em 1935. Esse processo ilustra a dinâmica de uma cultura negra, que foi marginalizada e impedida de se manifestar por séculos. O samba, entre outras origens, é interpretado como tendo raízes na ‘semba africana’, expressão cultural praticada, por exemplo, no que hoje é território de Angola.
Com o tempo, as expressões afro, como os cucumbis, mesclaram-se às tradições carnavalescas europeias ocidentais, e a elementos das culturas indígenas, configurando-se por meio de blocos, cordões e desfiles, entre outras expressões. Mesmo assim, o Carnaval do Rio de Janeiro manteve, em grande medida, suas tradições e tornou-se um dos grandes referentes da cultura nacional e elemento de reconhecimento sociocultural para seus organizadores e participantes.
Além disso, o Carnaval carioca tornou-se um motor do que, em décadas mais recentes, passou a se denominar economia da cultura, setor essencial para a empregabilidade, a criação de valor agregado e o crescimento socioeconômico de que nossa nação tanto precisa.
Carnaval de Salvador
Levantamento da prefeitura de Salvador mostra que, em 2025, o carnaval atraiu mais de 1 milhão de pessoas e movimentou quase R$ 2 bilhões.
A história do Carnaval brasileiro remonta ao período colonial, com origem nos “entrudos”, festejos lusitanos repletos de brincadeiras com água, farinha e outros elementos dentro de casas. Ao longo do tempo, a festa migrou para as ruas, mas foi em Salvador que ela ganhou um contorno único.
A forte presença de pessoas negras e escravizadas introduziu uma nova forma de manifestação, onde os instrumentos musicais, cantos e danças substituíram as “batalhas” dos entrudos. Grupos de mascarados, conhecidos como “cucumbis”, desfilavam usando a festa como forma de expressão e sátira.
Em 2025, a cidade de Salvador foi reconhecida pelo Guinness World Records como a cidade com o Maior Carnaval de Trio Elétrico do Mundo.
Em 1950, Adolfo Antônio Nascimento e Osmar Álvares Macêdo, mais conhecidos como Dodô e Osmar, criaram a Fobica, um calhambeque aberto adaptado para apresentações musicais, na qual decidiram sair pelas ruas de Salvador para tocar suas músicas e a partir daí nasceu o “trio elétrico”. Em 1952, o termo trio elétrico tornou-se genérico, em referência a um caminhão ou um ônibus que transportava os dois músicos ao redor das ruas durante o carnaval baiano. Em 1969, a canção de Caetano Veloso, chamada “Atrás do trio elétrico” acabou por popularizar o som do trio elétrico em todo o país. Hoje, a presença de caminhões de trio elétrico é uma das principais atrações do Carnaval da Bahia. [Wikipedia]
Axé Music
O Dia Nacional da Axé Music será celebrado anualmente no dia 17 de fevereiro. Nessa data, iniciou-se o primeiro carnaval após o lançamento da música Fricote, de Luiz Caldas, considerada a precursora da Axé Music.
O axé, ou axé music, é um gênero musical que surgiu na Bahia, na década de 1980, misturando o samba-reggae, frevo, samba duro, samba afro, ijexá e outros ritmos do Candomblé, pop rock, bem como outros ritmos afro-brasileiros e afro-latinos.
Conforme definição sintética e precisa de Goli Guerreiro, a axé music é um estilo mestiço, que se origina do encontro da música dos blocos de trio com a música dos blocos afro.
A palavra “axé” é uma saudação religiosa usada no candomblé, que significa energia positiva. Expressão corrente no circuito musical soteropolitano, ela foi anexada à palavra em inglês “music” pelo jornalista Hagamenon Brito em 1987 para formar um termo que designaria pejorativamente aquela música dançante com aspirações internacionais.
Com o impulso da mídia, o axé music rapidamente se espalhou por todo o país (com a realização de carnavais fora de época, as chamadas micaretas), e fortaleceu-se como potencial mercadológico, produzindo sucessos durante todo o ano, tendo, como alguns dos maiores nomes, Luiz Caldas, Armandinho, Daniela Mercury, Cheiro de Amor, Ivete Sangalo, Bamda Mel, Claudia Leitte, Margareth Menezes, Sarajane, Asa de Águia, Chiclete com Banana, entre outros. [Wikipedia]
Com informações da Presidência da República; Pedro Peduzzi, Agência Brasil; Victor Mayrink, Ministério do Turismo; Wikipedia.
@sgpresidencia @govbr @agencia.brasil @mturismo @minc @margarethmenezes @luizcaldas @rjlauracarneiro @lidicedamata @aliceportugal @prefsalvador
Acesse a Lei n.º 15.189, de 6.8.2025 - Institui o Dia Nacional da Axé-Music>>