Expansão do saneamento na Amazônia é 'legal'
Amazônia Legal, formada por nove estados e 772 municípios, ainda tem 35,6% da população sem água tratada e 82,4% sem coleta de esgoto
18 SET 2025 - 11H25 • Por Wilson LopesA universalização do saneamento básico na Amazônia Legal até 2040 pode trazer benefícios socioeconômicos de R$ 330.073,213. A estimativa consta no estudo ‘Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento na Amazônia Legal’, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria, e leva em consideração o valor alcançado pelos benefícios (R$ 516.555,834) e os custos do investimento (R$ 186.482,621), indicando um balanço social bastante positivo para a região.
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A Amazônia Legal é composta por nove estados: Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso. Conforme dados do IBGE/2022, o conjunto dos 772 municípios do território abriga 26,6 milhões de pessoas, o que corresponde a 13,1% da população brasileira, e sua extensão territorial representa quase 60% do território nacional.
Segundo o estudo, em 2022, 9,4 milhões de pessoas ainda moravam em residências sem acesso à água na Amazônia Legal, o que significa que o déficit relativo de abastecimento de água ainda era de quase 35,6% da população. No caso do acesso à coleta de esgoto, o número foi maior: 21,971 milhões de pessoas sem coleta de esgoto em suas residências. Isso indica que 82,4% da população dessas 772 cidades não estava ligada à rede geral de coleta de esgoto.
O estudo aponta que o maior déficit do sistema de saneamento da Amazônia Legal foi a falta de tratamento do esgoto:
“Apenas 16,8% do esgoto gerado recebia tratamento antes de retornar ao meio ambiente. O impacto ambiental é, portanto, imenso e maior ainda do que revelam os dados de coleta de esgoto. As bacias hidrográficas da região recebem uma carga estimada de cerca de 851,5 milhões de m³ por ano de água poluída, apenas de esgoto residencial não tratado. Diariamente são despejados nos córregos e rios que cortam a Amazônia Legal 2,3 trilhões de litros de água suja.”
PRINCIPAIS GANHOS COM A UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO
Entre os benefícios de R$ 516,6 bilhões que devem ser alcançados de 2024 a 2040 com a universalização do saneamento básico na Amazônia Legal, o Instituto Trata Brasil aponta que R$ 273,7 bilhões devem ser de benefícios diretos (renda gerada pelo investimento e pelas atividades de saneamento e impostos sobre consumo e produção recolhidos) e cerca de R$ 242,9 bilhões devido à redução de perdas associadas às externalidades.
REDUÇÃO DOS CUSTOS COM A SAÚDE
Entre 2024 e 2040, estima-se que haverá redução do custo com horas pagas e não trabalhadas em razão do afastamento por diarreia ou vômito e por doenças respiratórias e redução das despesas com internações por infecções gastrointestinais e respiratórias na rede hospitalar do SUS nos municípios da Amazônia Legal. O valor presente da economia total com a melhoria das condições de saúde da população desses municípios entre 2024 e 2040 deve ser de R$ 2,7 bilhões, que resultará num ganho anual de R$ 158,9 milhões.
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE
Estima-se que haverá um forte aumento de produtividade devido à dinâmica futura do saneamento nas cidades da Amazônia Legal. O valor presente do aumento de renda do trabalho com a expansão do saneamento entre 2024 e 2040 será de R$ 192,9 bilhões, que resultará num ganho anual de R$ 11,3 bilhões.
VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA
Em termos de renda imobiliária, estima-se que o ganho para os proprietários de imóveis que alugam ou que vivem em moradia própria será de R$ 1,4 bilhão por ano no conjunto dos municípios da Amazônia Legal, o que totalizará um ganho a valor presente de R$ 25,1 bilhões entre 2024 e 2040.
RENDA DO TURISMO
Entre 2024 e 2040, o valor presente dos ganhos com o turismo deve alcançar R$ 22,1 bilhões, indicando um fluxo médio anual de R$ 1,3 bilhão no período. Esse ganho é fruto da valorização ambiental que pode ser obtida com a despoluição dos rios e córregos e a oferta universal de água tratada, pré-condições para o pleno exercício das atividades de turismo
RENDA GERADA PELO INVESTIMENTO
Entre 2024 e 2040, o valor presente dos investimentos em saneamento deve alcançar R$ 134,8 bilhões nos municípios da Amazônia Legal. A renda direta, indireta e induzida gerada por esses investimentos deve somar R$ 174,6 bilhões. Assim, os excedentes de renda gerada pelos investimentos devem ser de aproximadamente R$ 39,8 bilhões no período.
PÓS 2040 – O LEGADO DA UNIVERSALIZAÇÃO
A universalização na Amazônia Legal perpetuará um ciclo vicioso de benefícios para os habitantes. Estima-se que os ganhos de renda total serão de R$ 176,2 bilhões no período pós-2040. Os custos totais para manter a universalização serão de aproximadamente R$ 113,5 bilhões após 2040. Assim, aos moldes do que foi analisado anteriormente, ao balanço da universalização do saneamento até 2040 deve ser acrescido um saldo de perpetuidade no valor de R$ 342,1 bilhões, totalizando ganhos de bem-estar de R$ 972,1 bilhões a partir de 2024. Essa relação indica que, para cada R$ 1,00 investido em saneamento de 2024 em diante, as 772 cidades da Amazônia Legal devem ter ganhos sociais de R$ 5,10, um retorno maior que o esperado para o Brasil na totalidade.
Entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, os maiores ganhos líquidos da universalização do saneamento, incluídos aqueles até 2040, serão observados no Pará (30,4%), Maranhão (19,1%) e Mato Grosso (16,1%). Considerando os ganhos per capita da universalização nos estados dessa região, os destaques são observados nos estados de Rondônia, Acre e Amazonas.
Entre as capitais, os maiores ganhos per capita seriam analisados em Rio Branco (AC), com benefícios de R$ 735,93 por habitante. Em seguida, destacam-se Porto Velho (RO), com R$ 706,14, e Macapá (AP), que registra R$ 650,65.
As demais capitais também terão retornos significativos por habitante, como Belém (PA), com R$ 461,60; Manaus (AM), com R$ 384,79; São Luís (MA), com R$ 341,16; Cuiabá (MT), com R$ 217,64; Palmas (TO), com R$ 157,53; e Boa Vista (RR), com R$ 87,83.
“A Amazônia Legal representa um patrimônio natural riquíssimo em biodiversidade, sendo o lar da maior bacia hidrográfica e do maior rio em volume de água do planeta, o que a torna o principal potencial hídrico do mundo. O ganho de R$ 330 bilhões, advindo da universalização do saneamento, oferece a oportunidade de recuperar áreas degradadas pelo despejo irregular do esgoto e, principalmente, de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos povos tradicionais e das populações em situação de vulnerabilidade que habitam na região, além de influenciar positivamente todo o ecossistema brasileiro”, conclui Luana Pretto, presidente Executiva do Instituto Trata Brasil.
Com informações do Instituto Trata Brasil.
@tratabrasil @ibgeoficial @prefeiturademanaus @prefeiturabelem
Acesse o estudo ‘Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento na Amazônia Legal’>>