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Consumo deve crescer 12,4%

A água potável no Brasil vai acabar?

Em 2050, cidades do Nordeste e do Centro-Oeste podem ter até 30 dias de racionamento de água por ano, com consequências graves na saúde e na qualidade de vida da população

29 OUT 2025 - 12H09 • Por Wilson Lopes
Segundo o Instituto, o aumento esperado da demanda, se não acompanhado de redução de perdas, elevará o risco de desabastecimento e pressionará os recursos hídrico por aumento da captação - Prefeitura de Vitória da Conquista/BA

Com o objetivo de projetar cenários de demanda futura de água nas moradias brasileiras no ano de 2050, apontando as principais variáveis que influenciam as diferentes tendências de crescimento do consumo, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria EX ANTE, produziu o estudo ‘Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas’. 

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), em 2023 foram consumidos 10,7252 bilhões de m³ de água. Esse volume corresponde a uma média diária de 175,38 litros por pessoa no país, incluindo a quantidade de água perdida na distribuição. 

Para estimar a demanda hídrica até 2050, o estudo estabeleceu cenários de expansão demográfica (taxas de fertilidade, mortalidade e fluxos migratórios) e de crescimento econômico (salário médio, taxa de investimento, matrículas, produtividade, acesso à água e coleta de esgoto, entre outros).

Nessa projeção, o consumo per capita médio do país deve passar de 175,29 litros diários por habitante em 2023 – com acesso ao sistema de abastecimento de água – para um volume médio de 204,86 litros diários por habitante em 2033. Isso corresponde a uma taxa média de crescimento anual de 1,6%, inferior ao aumento projetado para o rendimento per capita do trabalho no mesmo período, de 2,6% ao ano.

No período seguinte, entre 2033 e 2040, quando se espera que a renda per capita cresça à taxa de 1,1% ao ano, a expansão do consumo será também menor. No terceiro subperíodo, entre 2040 e 2050, prevê-se uma expansão do rendimento do trabalho per capita mais elevada, com um aumento de 3,3% ao ano. Esse avanço esperado mais forte da renda para a década de 2040 fará com que a taxa de expansão do consumo per capita volte a crescer, muito embora num patamar razoável, de 1,1% ao ano. Dessa forma, para o período de 2023 a 2050, espera-se um crescimento médio anual de 0,8% no consumo per capita de água, resultando em um aumento acumulado de 25,3% ao longo dos 27 anos. 

Fonte: Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas

Expansão da demanda elevada

Na prática, o estudo revela que a expansão da demanda será elevada, o que constitui um grande desafio para os operadores do sistema nos próximos 27 anos. 

Acompanhe os principais apontamentos do estudo:

Vitória da Conquista (BA) conta com 49 chafarizes com caixa d’água de 10 mil litros, implantados em pontos centrais dos povoados, o que facilita a distribuição da água pelas localidades e propicia mais autonomia aos moradores 

Desafios para o pleno abastecimento

O estudo do Trata Brasil indica que são muitos os desafios para o pleno abastecimento de água até 2050. Segundo o Instituto, o aumento esperado da demanda, se não acompanhado de redução de perdas, elevará o risco de desabastecimento e pressionará os recursos hídricos por aumento da captação. 

Para Luana Pretto, presidente executiva do Trata Brasil, o caminho a um 2050 com água para todos passa pela priorização do tema e aumento do investimento já. 

“Os dados apresentados reforçam a tendência de aumento no consumo de água, vindo com a maior oferta dos serviços, a expansão demográfica e o crescimento da economia. As tendências climáticas indicam restrição de oferta de água de 3,4% na média do ano por escassez de recursos hídricos em nossos mananciais. Estes dois fatores combinados trazem a urgência de adotarmos medidas imediatas e efetivas para reduzir as perdas no sistema de distribuição de água e planejarmos de forma sustentável a gestão e uso dos nossos recursos hídricos”, alerta.

Com informações do Instituto Trata Brasil.

Acesse o estudo ‘Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas’>>