Investimentos públicos em cultura aumentaram 122,4% em 10 anos
Apesar do incremento, apenas os municípios elevaram o percentual de investimento em atividades culturais, enquanto estados e a União reduziram os níveis de participação
13 DEZ 2025 - 14H48 • Por Wilson LopesO total de gastos públicos com cultura apresentou um aumento de 122,4% entre 2013 e 2023, passando de R$ 8,5 bilhões para R$ 18,9 bilhões. O volume considera as despesas orçamentárias das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) com a administração, operação e suporte dos órgãos e políticas encarregados pela difusão da cultura, preservação do patrimônio histórico e os de promoção das artes, além de dados relativos à renúncia de receita tributária com intuito de gerar recursos para promoção de atividades ligadas ao setor cultural.
No âmbito federal, as despesas em cultura diminuíram em termos absolutos de R$ 923,5 milhões em 2013 para R$ 856,1 milhões em 2023, uma redução de 7,3%. A esfera estadual teve aumento de 84,3% em valores absolutos no mesmo período (passando de R$ 3,1 bilhões em 2013 para R$ 5,7 bilhões em 2023). Já a esfera municipal teve o maior crescimento, com R$ 12,3 bilhões de total de gastos em valores absolutos, um aumento de 175,9% em comparação a 2013 (quando foi de R$ 4,5 bilhões).
Apesar desse incremento, em termos de participação na despesa pública total, apenas o gasto municipal mostrou recuperação de patamares encontrados no início da série (de 1,05% da despesa em 2013 para 1,09% em 2023), com retração para a participação nos níveis estadual (de 0,46% para 0,39%) e federal (de 0,09% para 0,04%). No total das três esferas, a participação foi de 0,40% em 2013 para 0,38% em 2023.
Os dados integram o Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC 2013-2024), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Centro-Oeste com maior crescimento
Uma análise mais detalhada nos municípios, esfera que possui o maior peso nos gastos públicos em cultura, mostra que, apesar da perda de participação no período, a Sudeste ainda é a Região mais relevante, passando de R$ 2,3 bilhões em 2013 (51,9% do total) para R$ 5,5 bilhões em 2023 (44,7% do total). O destaque fica por conta dos municípios de São Paulo, com 23,9% do total, e de Minas Gerais, com 13,6%.
A Região Nordeste ganhou participação no período, passando de 27,0% em 2013 para 31,8% em 2023, um aumento de 225,3% em valores absolutos no período (de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,9 bilhões). Municípios da Bahia, que saltaram de 5,9% de participação em 2013 para 8,2% em 2023, foram importantes para esse resultado.
Já a Centro-Oeste foi a Região que obteve menor participação dos gastos municipais, com apenas 5,3% em 2023. Por outro lado, foi a Região com o maior aumento percentual em valores absolutos no período, com 310,3%.
Renúncia fiscal
No que diz respeito à renúncia fiscal do governo para incentivo à cultura via Programa Nacional de Apoio à Cultura - Pronac, em 2013, o valor renunciado pelo governo foi de R$ 1,1 bilhão e o valor captado por produtores culturais foi de R$ 1,3 bilhão. O investimento privado (quando empresas repassam recursos ao setor além do valor renunciado) foi de R$ 182,6 milhões, respondendo por 14,5% do total.
Já em 2023, a renúncia fiscal foi de R$ 2,5 bilhões, mas o valor captado para o setor foi de apenas R$ 2,3 bilhões. Desse total, R$ 901,2 milhões foram direcionados a 1.374 projetos culturais no Estado de São Paulo. No total nacional, foram 4.579 projetos culturais aprovados em 2023 contra 3.493 em 2013.
Destaques da pesquisa:
Segundo o SIIC, em 2022, 644,1 mil organizações atuavam nas atividades culturais, as quais ocupavam 2,6 milhões de pessoas, sendo 66,1% assalariadas (1,7 milhão), com um total de salários pagos no ano de R$ 102,8 bilhões, resultando em um salário médio mensal de R$ 4.658 (42,6% acima da média do Cadastro Central de Empresas/Cempre). No total, as organizações culturais corresponderam a 6,8% do total que constituía o universo do Cempre e, em termos de pessoal ocupado, 4,2%.
- 311,7 mil empresas integravam o setor cultural (2023), empregando cerca de 2,0 milhões de profissionais. Essas organizações registraram uma receita líquida de R$ 910,6 bilhões e destinaram R$ 115,9 bilhões a salários, retiradas e outras remunerações.
- Em termos absolutos, em 2024, o setor cultural contou com um total de 5,9 milhões de ocupados, o maior valor da série iniciada em 2014, acompanhando o dinamismo do mercado de trabalho todo. Em termos relativos, mantém a proporção de 5,8% observada em 2023, também representando os maiores valores da série.
- 46,7% do pessoal ocupado assalariado do setor cultural estava nas capitais (2022)
- 15,5% foi a taxa de nascimento das empresas do setor cultural, a maior desde 2017 (2022)
- 6,9% é a taxa de mortalidade das empresas do setor cultural (2020)
- 36,8% das empresas sobreviveram após o quinto ano de vida (2022)
- 5,7% das empresas são consideradas de alto crescimento (2022)
- 9,5% do total de cadastros de Microempreendedores Individuais (MEI) são do setor cultural (2022)
- São Paulo (7,6%), Rio de Janeiro (7,0%) e Ceará (7,0%) apresentaram a maior proporção de pessoas trabalhando no setor cultural (2024)
- Acre (2,7%), Amapá (2,8%) e Rondônia (2,0%) apresentaram as menores taxas (2024)
- Entre as capitais, despontaram Florianópolis (Santa Catarina, 10,7%), São Paulo (São Paulo, 10,1%) e Manaus (Amazonas, 9,4%) – (2024)
- Há maior informalidade na cultura (44,6%) do que no total dos ocupados (40,6%) – (2024)
- Os maiores percentuais de informalidade no setor cultural foram medidos em Roraima (76,9%), Pará (74,1%) e Tocantins (71,5%), enquanto os menores, em Santa Catarina (30,0%), Rio Grande do Sul (32,6%) e Paraná (33,2%) – (2024)
- O rendimento médio do trabalho principal da população ocupada em atividades culturais foi estimado em R$ 3.266 mensais (2024).
Com informações do Sistema de Informações e Indicadores Culturais.
@ibgeoficial @minc
Acesse o Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC 2013-2024)>>
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