Dez municípios respondem por 24,5% da economia brasileira
Os dez municípios com maiores PIB per capita concentraram apenas 0,3% da população, mas responderam por 3,4% do PIB nacional
20 DEZ 2025 - 11H21 • Por Wilson LopesA publicação ‘PIB dos Municípios 2022-2023’, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que São Paulo/SP (9,7%), Rio de Janeiro/RJ (3,8%), Brasília/DF (3,3%), Maricá/RJ (1,2%), Belo Horizonte/MG (1,2%), Manaus/AM (1,2%), Curitiba/PR (1,1%), Osasco/SP (1,1%), Porto Alegre/RS (1,0%) e Guarulhos/SP (0,9%) respondem por 24,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é soma de bens e serviços produzidos no Brasil, no ano de 2023. Em termos de comparação, em 2002, apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte representavam essa mesma proporção do PIB.
Segundo o IBGE, o recuo no preço do petróleo e minério de ferro reduziu a participação no PIB de municípios mais dependentes da indústria extrativa em 2023. No grupo de cinco municípios com perdas mais intensas, todos tinham a economia relacionada à exploração de petróleo, com destaque para Maricá (RJ), com queda de participação de 0,3 ponto percentual (p.p.), seguido por Niterói (RJ) e Saquarema (RJ), com -0,2 p.p. cada. Ilhabela (SP) e Campos dos Goytacazes (RJ) completam essa lista, ambos com -0,1 p.p.
Esse resultado contribuiu para a desaceleração da desconcentração econômica do país. A participação no PIB nacional dos 5.543 municípios que não são capitais recuou de 72,5% em 2022 para 71,7% em 2023, enquanto os 27 municípios de capital expandiram de 27,5% para 28,3%. O ano de 2022 marcou a menor participação das capitais. Em 2002, início da série histórica, esses indicadores eram de 36,1% para capitais e 63,9% para os demais municípios do país.
A pesquisa também apresenta informações do PIB a preços de mercado e PIB per capita, para os 5.570 municípios, e análises geográficas com base em tipologias e regionalizações, que mostram padrões de concentração e dispersão.
Participação dos municípios no PIB nacional
Vitória (ES) e Florianópolis (SC) foram as únicas capitais que não ocuparam a primeira posição no ranking de participação em seus respectivos estados. No Espírito Santo, Serra ocupou a primeira posição, com participação de 17,9%, e Vitória ocupou a segunda posição, com 13,5%. Em Santa Catarina, Florianópolis ocupou a terceira posição, representando 6,1% do estado, atrás de Joinville (9,7%) e Itajaí (9,4%).
Concentrações urbanas
Das 185 concentrações urbanas do país, que são áreas ou municípios com mais de 100 mil habitantes, 119 aumentaram sua participação no PIB nacional e 66 perderam, o que demonstra uma pausa no processo de desconcentração nesse recorte. Entre as médias concentrações urbanas, que variam de 100 mil a 750 mil habitantes, o resultado também foi de aumento de participação para 102 das 159 médias concentrações entre 2022 e 2023.
Ao considerar as 26 grandes concentrações urbanas, áreas com mais de 750 mil habitantes, 17 ganharam participação no PIB nacional no mesmo período de um ano. A grande concentração urbana de São Paulo/SP, que reúne 37 municípios, passou de 15,8% para 16,2%, entre 2022 e 2023. Já a grande concentração urbana do Rio de Janeiro/RJ, que soma 21 municípios, foi a que mais perdeu participação, com queda de 8,7% para 8,0%, devido aos municípios produtores de petróleo incluídos nesta concentração, mas segue como o segundo maior PIB em 2023. Entre as 10 maiores concentrações urbanas, o recuo de participação foi de 40,9% em 2022 para 40,7% em 2023.
Também foram destaque de acréscimo de participação as grandes concentrações urbanas de Vitória/ES e Brasília/DF, chegando a 1,0% e 3,5% em 2023, respectivamente. A média concentração urbana com maior ganho relativo foi Araruama/RJ, que saiu da participação de 0,10% em 2022 para 0,13% em 2023. Destaque também para as médias concentrações urbanas de Caraguatatuba - Ubatuba - São Sebastião/SP e de Campos dos Goytacazes/RJ, como a segunda e a terceira áreas com maior perda de participação no período.
Ao observar alguns recortes geográficos específicos, verifica-se que a cidade-região de São Paulo, que concentra 92 municípios, teve ganho de participação, passando de 23,3% em 2022 para 23,5% em 2023. Do mesmo modo, o Semiárido viu sua participação aumentar de 6,2% para 6,3%, enquanto a Amazônia Legal teve sua participação mantida em 9,5%.
Densidade econômica 10,2 vezes maior
A análise do PIB segundo a densidade econômica, ou seja, ponderado pela área, também revela uma oscilação na concentração espacial. A densidade econômica no país, em 2023, foi de 1.288 mil R$/km². Por sua vez, as grandes e médias concentrações urbanas apresentaram uma densidade de 13.179 mil R$/km², ou seja, cerca de 10,2 vezes maior que a média do território nacional. Esse valor mostra uma concentração espacial bastante acentuada, ainda que, em relação a 2022, este resultado tenha oscilado em 0,1 ponto percentual para baixo.
Oito dos 10 municípios com as maiores densidades econômicas do país encontravam-se na cidade-região de São Paulo, incluindo as seis primeiras posições, com destaque para Osasco (SP), com mais de 1,8 bilhão de R$/km². Além disso, entre as concentrações urbanas, a desigualdade espacial, apesar de menor, ainda é notável. Enquanto na concentração urbana de São Paulo a densidade foi de 247.402 mil R$/km², na do Rio de Janeiro, segunda na classificação, o valor foi 144.799 mil R$/km², ou seja, 58,5% do valor observado em São Paulo/SP. Destaca-se, também, que 7 das 10 concentrações urbanas com maior densidade econômica encontravam-se no estado de São Paulo.
Saquarema lidera PIB per capita
Em 2023, os dez municípios brasileiros com maiores PIB per capita concentraram apenas 0,3% da população, mas responderam por 3,4% do PIB nacional. Saquarema (RJ) liderou o ranking, com R$ 722,4 mil por habitante, impulsionada pela extração de petróleo e gás, atividade que também sustentou o desempenho de Maricá (RJ), Presidente Kennedy (ES), Ilhabela (SP) e São João da Barra (RJ). A média nacional foi de R$ 53,9 mil.
São Francisco do Conde (BA) e Paulínia (SP) se destacaram pelo refino de petróleo, ocupando a segunda e a quarta posições. Já Santa Rita do Trivelato (MT) alcançou o sétimo lugar graças à forte produção de soja e algodão, enquanto Louveira (SP) e Extrema (MG) figuraram entre os dez primeiros impulsionadas pelo comércio e pela indústria de transformação.
Por outro lado, quatro dos cinco menores PIB per capita do país estão no Maranhão. Manari (PE) registrou o menor valor, R$ 7.201,70. Em seguida aparecem Nina Rodrigues (MA), com R$ 7.701,32; Matões do Norte (MA), com R$ 7.722,89; Cajapió (MA), com R$ 8.079,74; e São João Batista (MA), com R$ 8.246,12.
Entre as capitais, Brasília (DF) apresentou o maior PIB per capita (R$ 129,8 mil), valor 2,41 vezes superior à média nacional de R$ 53,9 mil. Belém (PA) teve o menor desempenho entre as capitais (R$ 31,1 mil), com razão de 0,58. No histórico, sete capitais — concentradas principalmente no Sudeste e Sul, além de Brasília (R$ 129.790,44) e Manaus (R$ 61.855,15) — mantiveram valores acima da média nacional.
Os municípios com maiores PIB per capita concentram-se nos grandes centros urbanos do Centro-Sul e em regiões agropecuárias de baixa densidade populacional, especialmente no centro de Mato Grosso, sul de Goiás, oeste da Bahia e alto Parnaíba. Entre as grandes concentrações urbanas, Campinas/SP (R$ 111.550,70) liderou em 2023, seguida por Brasília/DF (R$ 99.842,37), São Paulo/SP (R$ 85.613,16), São José dos Campos/SP (R$ 79.272,39) e Sorocaba/SP (R$ 76.018,17).
Com informações de Breno Siqueira, Pedro Renaux e Helga Szpiz, Agência IBGE Notícias.
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