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84º Brasil: 0.786

IDH 2025: estamos 'involuindo'

Desigualdade entre países com IDH baixo e IDH muito alto continua a aumentar em todo o mundo

6 MAI 2025 - 11H50 • Por Wilson Lopes

O progresso do desenvolvimento humano está passando por uma desaceleração sem precedentes, atingindo o nível mais baixo dos últimos 35 anos, segundo relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Em vez de observar uma recuperação sustentada após o período de crises excepcionais de 2020/2021, o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2025 – “Uma questão de escolha: pessoas e possibilidades na era da Inteligência Artificial (IA)” revela um progresso inesperadamente fraco. Excluindo esses anos de crise, o modesto aumento do desenvolvimento humano global projetado no relatório deste ano representa o menor aumento desde 1990. 

O Relatório analisa o progresso do desenvolvimento por meio de uma série de indicadores conhecidos como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que abrange conquistas em saúde e educação, juntamente com níveis de renda. As projeções para 2024 revelam um progresso estagnado no IDH em todas as regiões do mundo.

Além da taxa alarmante de desaceleração do desenvolvimento global, o relatório constata o aumento das desigualdades entre países ricos e pobres. À medida que os caminhos tradicionais para o desenvolvimento são pressionados por pressões globais, são necessárias medidas decisivas para afastar o mundo da estagnação prolongada do progresso.

“Há décadas, caminhamos para atingir um mundo com alto índice de desenvolvimento humano até 2030, mas essa desaceleração sinaliza uma ameaça muito real ao progresso global. Se o lento progresso de 2024 se tornar 'o novo normal', esse marco de 2030 poderá ser adiado por décadas, tornando nosso mundo menos seguro, mais dividido e mais vulnerável a choques econômicos e ecológicos”, disse Achim Steiner, Administrador do PNUD.

Pelo quarto ano consecutivo, a desigualdade entre países com IDH baixo e IDH muito alto continua a aumentar, conforme o relatório. Isso reverte uma tendência de longo prazo que tem observado uma redução nas desigualdades entre nações ricas e pobres.

Os desafios de desenvolvimento para países com as menores pontuações de IDH são especialmente severos, motivados pelo aumento das tensões comerciais, pelo agravamento da crise da dívida e pelo aumento da industrialização sem empregos.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH/2025)

Brasil sobe cinco posições no ranking do IDH e está na 84ª colocação

Na atualização do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2025 (com base em informações de 2023), o Brasil aparece na 84ª colocação, entre 193 países. O índice analisa indicadores de expectativa de vida, escolaridade e Produto Interno Bruto (PIB) per capita (por indivíduo).

O IDH do Brasil é de 0,786 (em uma escala de 0,000 a 1,000), um índice considerado de desenvolvimento alto. Em relação a 2022, o IDH do país cresceu 0,77% porque o índice era de 0,780. Em 2022, o Brasil estava na 89ª posição, o que significa que o país subiu cinco colocações.

O relatório também mostra a evolução do país nos períodos de 2010 a 2023 (um aumento médio anual de 0,38%) e de 1990 a 2023 (um crescimento médio de 0,62%).

Segundo o Pnud, os países são divididos em quatro grupos, segundo o IDH. Aqueles com pontuação a partir de 0,800 são considerados de alto desenvolvimento humano. Setenta e 74 países estão nessa situação. O Chile é o país na melhor posição entre as nações da América Latina e Caribe (45ª posição, com 0,878 ponto).

Outros nove latino-americanos e caribenhos estão neste grupo (Argentina, Uruguai, Antígua e Barbuda; São Cristóvão e Névis; Panamá; Costa Rica; Bahamas; Barbados; e Trinidad e Tobago). Na média, o IDH da região subiu 0,778 em 2022 para 0,783 em 2023 (alta de 0,64%).

Além do Brasil, outros 49 países são considerados de desenvolvimento alto (com pontuação de 0,700 a 0,799). As nações de desenvolvimento médio (de 0,550 a 0,699) somam 43, enquanto aqueles com desenvolvimento baixo (abaixo de 0,550) são 26.

A Islândia ultrapassou a Suíça e a Noruega e agora é o país com maior IDH do mundo (0,972). As seis primeiras colocações, aliás, são de países europeus (Dinamarca, Alemanha e Suécia, além dos três mencionados).

Já o Sudão do Sul, nação mais jovem do mundo, criada em 2011, tem o pior indicador (0,388). As nove últimas posições são ocupadas por países africanos. O Iêmen, palco de uma guerra civil que dura anos no Oriente Médio, tem o décimo menor IDH.

O IDH médio mundial chegou a 0,756 em 2023, um aumento de 0,53% em relação ao ano passado (0,752). 

Conforme a pesquisa, a média dos países de IDH muito alto é de 0,914 ponto, enquanto aqueles com IDH baixo têm uma média de 0,515.

Desigualdade social

O relatório da ONU também apresenta um ajuste do IDH levando em consideração o aspecto da desigualdade social. Nesse caso, o IDH do Brasil é ajustado para 0,594, o que faz com o país fique apenas na 105ª posição global e caindo para categoria de IDH médio. No caso da primeira colocada, Islândia, por exemplo, o IDH tem pouco ajuste, ficando em 0,923. O IDH mundial ajustado fica em 0,590.

No caso da comparação entre gêneros, o IDH das mulheres (0,785) é um pouco melhor do que o dos homens (0,783) no país. As mulheres brasileiras têm indicadores melhores de expectativa de vida e de escolaridade, mas perdem no PIB per capita.

Já em relação ao IDH ajustado pela pegada de carbono de cada país, o Brasil apresenta IDH de 0,702, mas se posiciona melhor no ranking mundial, na 77ª posição.

Desenvolvimento Humano e IDH

O conceito de desenvolvimento humano nasceu definido como um processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser.

Diferentemente da perspectiva do crescimento econômico, que vê o bem-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as pessoas, suas oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios do desenvolvimento e não como seu fim. É uma mudança de perspectiva: com o desenvolvimento humano, o foco é transferido do crescimento econômico, ou da renda, para o ser humano.

O que é IDH?

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral e sintética que, apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, não abrange nem esgota todos os aspectos de desenvolvimento.

O que é RDH?

O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) é reconhecido pelas Nações Unidas como um exercício intelectual independente e uma importante ferramenta para aumentar a conscientização sobre o desenvolvimento humano em todo o mundo. Com sua riqueza de dados e abordagem inovadora para medir o desenvolvimento, o RDH tem um grande impacto nas reflexões sobre o tema no mundo todo. Os RDHs incluem o Índice de Desenvolvimento Humano e apresentam dados e análises relevantes à agenda global e abordam questões e políticas públicas que colocam as pessoas no centro das estratégias de enfrentamento aos desafios do desenvolvimento. O PNUD publica anualmente um RDH Global, com temas transversais e de interesse internacional, bem como o cálculo do IDH de grande parte dos países do mundo. Além dele, são publicados periodicamente centenas de RDHs nacionais, incluindo os do Brasil. Até hoje, o PNUD Brasil já publicou três Relatórios e dois Atlas de Desenvolvimento Humano nacionais.

Com informações, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); Vitor Abdala, Agência Brasil.
@pnud_brasil
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