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Patrimônio brasileiro

Cavernas do Peruaçu são o 25º Patrimônio Mundial do Brasil

Decisão anunciada pela Unesco premia iniciativa que começou em 1986, reconhecendo um dos poucos lugares do planeta que reúne cânion, cavernas e sítios arqueológicos

14 JUL 2025 - 13H06 • Por Wilson Lopes
Segundo a Unesco, o parque apresenta alto grau de conservação, uma vez que toda a propriedade está integralmente inserida em uma área de proteção desde sua criação, em 1999 - Fernando Tatagiba/ICMBio

O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, foi reconhecido como Patrimônio Mundial Natural pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A decisão foi anunciada durante sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada dia 13/07/2025 em Paris.

“O título consagra o Peruaçu como um sítio de valor universal excepcional, pela sua combinação singular de relevância geológica, arqueológica, ecológica e paisagística”, celebrou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ao destacar o “esforço cotidiano” das comunidades locais e equipe do instituto na proteção da biodiversidade brasileira.

O reconhecimento também abre novas oportunidades para o ecoturismo, a pesquisa científica e a inclusão social das comunidades do entorno, especialmente por meio do fortalecimento da economia local e do turismo de base comunitária, pontuou o ICMBio.

Esse é o primeiro sítio do Patrimônio Mundial Natural localizado em Minas Gerais. No Brasil, a lista inclui, agora, nove sítios, que abrangem dezenas de unidades de conservação de beleza natural excepcional, como o Parque Nacional de Iguaçu, as Reservas da Mata Atlântica da Costa do Descobrimento, as Ilhas Atlânticas Brasileiras (Fernando de Noronha e Atol das Rocas) e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

A Caverna do Janelão apresenta galerias com seções parabólicas e passagens com larguras e alturas superiores a 100 metros e preserva a maior estalactite do mundo: a Perna da Bailarina, que tem cerca de 28 metros de comprimento (Rui Faquini/ICMBio)

200 cavernas catalogadas

Conforme o ‘Plano de Manejo’ do ICMBio não se sabe ao certo qual a origem do nome atribuído ao vale - Peruaçu, mas conta-se que, na região, os índios historicamente ali localizados (Xacriabás, desde meados do século XVI), assim o chamavam, tendo a seguinte conotação: Peru = buraco (vala, fenda); Açu = grande. Entende-se, dessa forma, que as referências podem ser relativas ao então denominado cânion ou às grandes cavernas formadas na rocha calcária no vale do Peruaçu.

A ideia de se criar uma unidade de conservação no local partiu de um levantamento que o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG) estava realizando no Estado, integrante de um programa denominado Inventário de Proteção do Acervo Cultural do Estado de MG (IPAC/MG), ainda em 1986.

Em 1997, o IBAMA decretou como de utilidade pública uma área de 6.000ha, denominada “polígono”, a qual abarcava o núcleo principal das cavernas do vale cárstico do rio Peruaçu. 

Em 2003, durante o 27º Congresso Brasileiro de Espeleologia (Januária/MG), foi oficializado o pedido de se elevar o Peruaçu à Patrimônio da Humanidade, com o intuito de se provocar abertura nos âmbitos turísticos e de pesquisa, proporcionando nacional e internacionalmente oportunidades de financiamentos e parcerias para a adequada implantação e operacionalização do parque.

Em 21 de setembro 1999, o IBAMA decretou a criação do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (PNCP), com limites que extrapolaram o núcleo principal das cavernas, mas uniram extensas áreas com cobertura vegetal nativa representativas dos biomas Cerrado e Caatinga, incluindo a interligação com o rio São Francisco.

O PNCP tem uma área de 56.448 hectares, que compreende os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, na região norte de Minas Gerais, a 653km da capital do Estado, Belo Horizonte, e pouco mais de 400km de Brasília.

O parque conta com mais de 200 cavernas catalogadas, sítios arqueológicos com vestígios humanos de até 12 mil anos e inúmeras pinturas rupestres.

O conjunto natural do Vale do Rio Peruaçu, incluindo o cânion, as cavernas e os sítios arqueológicos, é extremamente importante ao nível nacional e internacional, havendo poucos locais no planeta que reúnam estes três atrativos do ponto de vista científico e natural.

Operação do ICMBio e Ibama para combater exploração clandestina de madeira e captação irregular de água nas Terras Indígenas Xacriabá e Xakriabá Rancharia e no entorno e interior do Parna Cavernas do Peruaçu (ICMBio)

Atividades conflitantes

O documento do ICMBio aponta o PNCP como área de proteção do lobo-guará, gato-maracajá, gato-palheiro, onça-pintada e onça-parda. O parque abriga, ainda, a Reserva Indígena Xacriabá, a bacia do rio São Francisco e ecossistemas de transição entre biomas da caatinga e do cerrado.

O Instituto Chico Mendes também adverte a presença de atividades conflitantes no parque, como a presença de população residente em comunidades rurais, pastagens, atividades agropecuárias, caça e pesca predatórias, desmatamento, presença de animais domésticos, criações de animais exóticos, estradas municipais e federal atravessando o interior da unidade de conservação.

Com informações de Andreia Verdélio da Agência Brasil e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

@icmbio @prefeitura_januaria @prefeitura.deitacarambi @pref_saojoaodasmissoes @cavernasdoperuacu @unescobrasil

O parque conta com mais de 200 cavernas catalogadas, sítios arqueológicos com vestígios humanos de até 12 mil anos e inúmeras pinturas rupestres (Fernando Tatagiba/ICMBio)

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Acesse Parna Cavernas do Peruaçu

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