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Banco Mundial acredita que o Nordeste pode recuperar a defasagem de desenvolvimento

Relatório aponta que a região é rica em recursos naturais que lhe conferem um patrimônio capaz de sustentar seu processo de desenvolvimento e posicioná-la como motor de crescimento verde do Brasil

24/12/2025 - 12:08 Por Wilson Lopes

O Nordeste brasileiro, formado pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, contabilizou 54.658.515 habitantes (27% da população nacional), segundo o Censo IBGE/22.

Juntos, os nove estados somam uma área de 1.554.291,744 km² (equivalente a 18% do território nacional) que, se fossem transformados em um país, teriam o 19º maior território do mundo. 

Contudo, a região contribuiu com apenas 14% para o Produto Interno Bruto (PIB/22) brasileiro e abrigou 48% de todas as pessoas em situação de pobreza crônica no país. A média da renda familiar mensal per capita no Nordeste somou R$ 1.054, pouco mais da metade da média observada no Sudeste (R$ 1.982). 

A população da região, especialmente as mulheres e as pessoas afrobrasileiras, continua a enfrentar níveis mais baixos de escolaridade e uma probabilidade maior de atuar no setor informal ou como autônomos do que na maioria das outras regiões. 

No entanto, a região tem pontos fortes significativos que, se efetivamente aproveitados, podem colocá-la numa trajetória de desenvolvimento dinâmica. A constatação é do estudo ‘Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão - O caminho para acelerar o crescimento nacional a partir dos motores regionais’

Elaborado por uma equipe do Banco Mundial composta por Cornelius Fleischhaker, Shireen Mahdi, Karen Muramatsu e Heron Marcos Teixeira Rios, com apoio de orientação e colaboradores, o relatório destaca que o Nordeste tem uma das estruturas demográficas mais jovens do país e uma taxa de dependência decrescente, o que cria condições favoráveis para aproveitar dividendos demográficos, principalmente se isso for combinado a melhorias nos resultados educacionais e nas condições do mercado de trabalho. 

“Quando pensamos no potencial da região para aumentar a intensidade de capital por trabalhador a partir de uma base baixa, vemos que o Nordeste tem um potencial considerável para ganhos de produtividade e redução das disparidades econômicas com as principais regiões do Brasil”, observa o estudo. 

Segundo o relatório, o Nordeste também é rico em recursos naturais renováveis e não renováveis, o que lhe confere um bom patrimônio para sustentar seu processo de desenvolvimento e posicioná-lo como um potencial motor de crescimento verde para o Brasil. 

Como exemplo, os pesquisadores citam que o Nordeste foi responsável por 22,7% da geração total de eletricidade no Brasil em 2023, com apenas 59% dessa energia consumida localmente. E também que o Nordeste é uma importante produtora de eletricidade eólica e solar, contribuindo com 91% e 42% da produção, respectivamente. 

“O Nordeste brasileiro é uma região de importância nacional e global no que diz respeito à transição energética. Isso inclui o desenvolvimento do hidrogênio verde e das indústrias relacionadas a essa fonte, o que já está acontecendo na região, inclusive com investimentos apoiados pelo Banco Mundial. Além disso, a localização geográfica estratégica da região oferece vantagens naturais para o comércio e a logística e serve como ponto de entrada para os principais cabos internacionais de internet no país”, ressalta o relatório.

Para os pesquisadores, esses pontos fortes, se aproveitados de forma eficaz, têm grande potencial para fomentar uma economia digital dinâmica, promovendo inovação, atraindo investimentos e apoiando novas fontes de crescimento inclusivo e sustentável. 

“Esse potencial único, se bem aproveitado, pode ter repercussões positivas não apenas na região, mas também em nível nacional, contribuindo para um crescimento mais dinâmico de todo o país”, observam. 

Transposição do Rio São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil, com 477 km de canais, visando levar água a milhões de pessoas em municípios do Nordeste; a estação de bombeamento EBI-I, em Cabrobó (PE), marca o início da transposição no eixo norte (Marcelo Camargo/ABr)

Desafios do Nordeste

O relatório do Banco Mundial propõe políticas que podem atuar como impulsionadoras da convergência econômica e social do Nordeste. Contudo, explica que as respostas aos desafios do Nordeste não estão apenas sob o controle de seus próprios formuladores de políticas públicas estaduais, pois muitos dos problemas identificados na região abrangem todo o Brasil. 

“O país carece de produtividade nos setores urbanos e dinamismo em suas empresas; além disso, enfrenta atrasos no desenvolvimento de capital humano e infraestrutura. Logo, muitas das mudanças necessárias para retomar o crescimento e a geração de empregos se aplicam à esfera federal...”, destaca.

Porto do Pecém, em Caucaia, no Ceará, funciona como um hub logístico vital para o Nordeste brasileiro, movimentando granéis, contêineres e cargas em geral, com profundidade natural para navios grandes e integração com a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) Ceará (Ricardo Stuckert/PR)

 Resumo das principais recomendações de políticas públicas 

Crescimento e produtividade ao nível de empresa

  • Abandono das guerras fiscais em favor de políticas de competitividade das empresas
  • Melhora da alocação de crédito e da competitividade do setor financeiro
  • Redução do custo de fazer negócios

Mobilização do capital humano do Nordeste

  • Utilização: Aumento da geração de empregos e da participação na força de trabalho
  • Mobilização: Aumento da mobilidade da mão de obra

Modernização da infraestrutura e aumento da conectividade

  • Priorização: Investimentos em infraestrutura para melhorar a produtividade e a convergência
  • Planejamento: Adoção de sistemas modernos de gestão de investimentos públicos
  • Participação do setor privado

O relatório ‘Rotas para o Nordeste’ detalha cada um dos pontos, apontando caminhos. Na prática, ressalta que a região não pode contar apenas com o aumento dos gastos públicos para cobrir seu déficit de infraestrutura. Em vez disso, orienta, também precisa reduzir as ineficiências e a alocação ineficiente de despesas de capital. E cita três sugestões:

(i) priorização de investimentos que aumentem a conectividade e maximizem as sensibilidades e poderes de dispersão;

(ii) adoção de um sistema moderno de gestão do investimento público que reduza a alocação ineficiente e melhore a coordenação; e

(iii) atração de investimento privado por meio de parcerias público-privadas (PPP) e regimes de concessão bem administrados.

Por fim, o relatório conclui que o Nordeste do Brasil é uma região rica em história, cultura, biodiversidade e recursos naturais, e tem tudo para recuperar a defasagem histórica em seu desenvolvimento.

Com informações do Banco Mundial.@bancomundial @governodealagoas @govba @governodoceara @governoma @govparaiba @governodopiaui @governope @governodorn @governosergipe @midregional @govbr @bancodonordeste @sudenebr

Acesse o relatório estudo ‘Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão - O caminho para acelerar o crescimento nacional a partir dos motores regionais’>>

Acesse a lista dos países, por área>>

 


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