
Caramujos africanos infestaram o jardim de Ana Paula da Silva, 43 anos, moradora do Sol Nascente, em Brasília, no Distrito Federal. “Plantei uma horta com coentro e cebolinha, mas desisti. Eles comem e matam tudo. Em uma única limpeza, recolhi mais de 50 deles e piora na época da chuva”, relata, acrescentando que orienta as crianças da residência a não tocarem no molusco. A preocupação da dona de casa é justificada, pois a espécie de caramujo oferece riscos a humanos e animais.
O molusco conhecido popularmente como caramujo africano, cujo nome correto é caracol africano (Achatina fulica), é considerado uma espécie exótica e invasora no Brasil. Foi introduzido ilegalmente no país no final da década de 1980 como um substituto para o escargot e já é encontrado em quase todos os estados brasileiros.
Hermafroditas, os animais procriam a cada dois ou três meses com fecundação cruzada, podendo colocar em média 200 ovos por postura e se reproduzir mais de uma vez por ano. Estes ovos são parecidos com a semente de mamão, branco-amarelados e ficam parcialmente enterrados. A estimativa média de vida do caracol é de 5 a 6 anos.
Quando infectado por vermes, o caracol africano pode transmiti-los e provocar doenças, como a meningite eosinofílica ou a enterite eosinofílica. A infecção ocorre quando há a ingestão acidental de larvas do verme presentes nas frutas e hortaliças contaminadas com o muco (gosma) que o caracol libera quando se locomove.
Por isso, é importante fazer a correta higienização de verduras, legumes, hortaliças e frutas antes do consumo. Recomenda-se deixar esses alimentos mergulhados em uma mistura contendo uma colher de sopa de água sanitária para um litro de água durante 30 minutos e, em seguida, enxaguar bem.

Caso perceba a presença do caracol na residência, o próprio morador pode realizar a catação do molusco, sempre com as mãos protegidas. Também pode acionar a Vigilância Ambiental (Dival) do Distrito Federal ou pelo Disque-Saúde 160. Os profissionais vão identificar se o caracol é africano ou nativo e orientarão o manejo.
Ana Paula foi orientada pela equipe da Vigilância Ambiental a realizar o descarte correto. “Com o uso de luvas de limpeza, a pessoa faz a coleta dos caracóis e dos ovos e os coloca em um balde ou lata metálica. Também é preciso esmagar a concha com martelo ou alguma peça de madeira, ou similar. Adicionar ao balde um litro de cloro e três litros de água e tampar. O material deverá ficar de molho por 24 horas”, ensina o biólogo da Dival, Israel Martins.
Após esse período, os caracóis e ovos esmagados devem ser drenados e colocados em saco de lixo resistente. Outra forma de descarte é enterrar, longe de lençóis freáticos, cisternas ou poços artesianos. “O material pode ser colocado em valas com profundidades de ao menos 80cm revestidas por uma camada de cal virgem, que possui a função de impermeabilizar o solo e evitar que outros animais sejam atraídos. Esses procedimentos devem ser feitos periodicamente, enquanto durar a infestação”, acrescenta.
A concha do caramujo africano deve ser quebrada para evitar o acúmulo de água e a proliferação do mosquito da dengue. A quebra das conchas é necessária para que elas não acumulem água e se transformem em focos de mosquitos Aedes aegypti, vetor do vírus da dengue, febre chikungunya e zika.
“É importante coletar e quebrar porque quando o caracol morre, a concha pode acumular água e é muito comum a gente encontrar larvas de mosquito da dengue. Também é preciso manter o quintal sem esconderijos, como materiais de construção armazenados e vegetação alta, por exemplo. E pensar nos ambientes úmidos onde poderão se abrigar”, explica o agente de vigilância ambiental em saúde, Rogério Alves de Andrades.

Diferença entre espécie nativa e africana
A concha do caracol africano difere da espécie nativa no Brasil. Com cor marrom escuro, o africano pode chegar a ter 15 cm de comprimento. O contorno da abertura da concha é cortante, afiada, diferente da espécie da nossa fauna (Megalobulimus), que é bem espesso. Além disso, o caracol africano apresenta a traseira da casca pontuda.
Com informações da Secretaria da Saúde do Governo do Distrito Federal.
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Contato da Vigilância Ambiental do DF: (61) 3449-4427
Contato do Disque-Saúde: 160