A cidade de Tutóia (53.356 habitantes), a 323km de São Luís, capital do Maranhão, ilustrou os anais dos seus 86 anos de história com um capítulo no mínimo inusitado.
É que o prefeito Raimundo Nonato Baquil (PDT), conhecido por Diringa Baquil, homem prevenido por natureza, decidiu gastar R$ 2,1 milhões pra não deixar alma tutoiense nenhuma ficar sem onde cair morta.
Com esse dinheiro, conforme apurou Paulo Cappelli, do Metrópoles (www.metropoles.com), Raimundo Nonato comprou “690 caixões funerários, mortalhas, flores, serviços de conservação de cadáveres e traslado de corpos por até 60 mil quilômetros. A justificativa era evitar enterros precários, dentro de redes ou em covas rasas e prestar assistência às famílias de baixa renda, argumenta a licitação.”
A boa intenção do prefeito, contudo, sucumbe nos vícios que as leis que tratam o nepotismo não conseguiram frear. Dentro da Prefeitura, dos 16 nomes da equipe de governo e secretariado, seis assinam Baquil, o sobrenome do prefeito. A licitação foi tocada pela filha de Raimundo Nonato, Dayna Baquil (secretária de Assistência Social), e pelo sobrinho dele, Alexandre Baquil (secretário de Saúde).
Os caixões foram comprados com recursos do Fundo Nacional da Saúde, do Fundo Nacional da Assistência Social e da Prefeitura de Tutóia, conforme registro no Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE/MA).
Conforme o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), do Ministério da Saúde, Tutóia registrou 275 óbitos em 2022. No site da Prefeitura não há nenhuma informação sobre quantos desses óbitos foram assistidos pela Secretaria de Assistência Social. O município conta com um único cemitério, em situação precária de conservação.
Raimundo Nonato pode até ser precavido e de boa-fé, mas se não explicar direitinho essa licitação que nem morto acredita, quem vai acabar enterrada é sua reputação política.
@prefeituradetutoia
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