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PNAD Contínua Educação

8,7 milhões de jovens abandonaram ou nunca frequentaram a escola

Entre os principais motivos estão a necessidade de trabalhar, desinteresse nos estudos, gravidez, tarefas domésticas, cuidado de pessoas e problemas de saúde permanentes

13/06/2025 - 14:57 Por Wilson Lopes

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua (Educação 2024), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), revelou que 8,7 milhões de jovens de 14 a 29 não haviam completado o ensino médio em 2024, seja por abandonarem a escola antes do término dessa etapa ou por nunca a terem frequentado. Desses jovens, 59,1% eram homens e 40,9% eram mulheres. Considerando a distribuição por cor ou raça, 26,5% eram brancos e 72,5% eram pretos ou pardos.

Ao analisar a idade em que esses jovens de 14 a 29 anos deixaram a escola, observa-se que os maiores percentuais de abandono ocorreram a partir dos 16 anos: com 16,5% nessa idade, 19,9% aos 17 anos e 20,7% aos 18 anos. Ainda assim, o abandono escolar precoce continua presente nas idades correspondentes ao ensino fundamental: 6,5% haviam deixado a escola até os 13 anos e 6,8% aos 14 anos. Os percentuais de abandono antes dos 14 anos (13,3% no total) são consideráveis e preocupantes, pois representam saídas durante o ensino fundamental, etapa que deveria estar plenamente universalizada. 


Esse padrão se manteve semelhante entre homens e mulheres e entre as pessoas de cor branca, preta ou parda. O grande marco da transição escolar continua sendo a idade de 15 anos, que pode estar ligado tanto a mudanças na estrutura curricular quanto à percepção de utilidade do ensino médio ou à necessidade de entrada precoce no mercado de trabalho. Nesse ponto, o percentual de abandono escolar quase dobra em relação aos 14 anos, alcançando 12,6%. 

Em termos regionais, os dados indicam que o abandono precoce até os 13 anos foi mais elevado nas Regiões Nordeste (7,8%) e Norte (6,1%), enquanto a Sul (5,9%) também apresentou percentuais relevantes. Aos 14 anos, destacaram-se as Regiões Sul (7,3%) e Sudeste (7,2%). O marco dos 15 anos apresentou comportamento semelhante em todas as Regiões, com valores variando entre 12,4% e 13,5%. No intervalo de 16 a 18 anos, os percentuais acumulados foram mais elevados nas Regiões Sul (62,9%), Sudeste (60,8%) e Nordeste (60,2%). Para os jovens que deixaram a escola com 19 anos ou mais, destacam-se as Regiões Norte (21,2%) e Nordeste (21,2%), o que pode refletir um esforço desses jovens em recuperar o atraso escolar e concluir a educação básica em idade mais avançada.

Ao serem questionados sobre o principal motivo de abandono escolar ou de nunca terem frequentado a escola, os jovens de 14 a 29 anos indicaram, majoritariamente, a necessidade de trabalhar, mencionada por 42,0% dos entrevistados em 2024. Esse percentual representa um leve aumento de 0,3 p.p. em relação a 2023, mantendo esse motivo como o mais frequente no período recente. 

O segundo motivo mais citado foi não ter interesse em estudar, que alcançou 25,1% dos casos, revertendo a tendência de queda observada nos últimos anos. Esse aumento, de 1,6 p.p. em relação ao ano anterior, pode sinalizar um desalinhamento entre as expectativas dos jovens e o modelo educacional. Os demais motivos permaneceram estáveis ou apresentaram variações modestas: a gravidez foi mencionada por 9,5% dos jovens; realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas, por 4,1%; e problemas de saúde permanentes, por 3,8%.

Em relação às diferenças por sexo, os dados de 2024 reforçam padrões já observados em anos anteriores. Entre os homens de 14 a 29 anos que abandonaram ou nunca frequentaram a escola, o principal motivo declarado foi a necessidade de trabalhar (53,6%).

Em seguida, aparecem não ter interesse em estudar (26,9%) e problemas de saúde permanentes (4,2%). Por outro lado, entre as mulheres, o quadro é mais diversificado. Embora o motivo mais citado tenha sido a necessidade de trabalhar (25,1%), outros fatores relacionados à dinâmica de gênero ganham destaque: a gravidez foi mencionada por 23,4% das mulheres, e a realização de afazeres domésticos ou cuidados com outras pessoas, por 9,0%. Além disso, 22,5% das mulheres indicaram desinteresse pelos estudos como justificativa para o afastamento escolar. 

Tais resultados evidenciam que, para além da condição econômica, as responsabilidades reprodutivas e domésticas ainda figuram entre os principais entraves à permanência das mulheres jovens na escola.

A Prefeitura de Pau d'Arco, no Tocantins, realizou a ação ‘Busca Ativa Escolar’, que integra a campanha ‘Fora da Escola Não Pode’, com o objetivo de enfatizar a importância da matrícula para crianças e adolescentes, a fim de reduzir a evasão escolar e garantir-lhes o direito à educação.

Educação básica

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), incluiu, a partir de 2016, um módulo dedicado a retratar o panorama educacional da população do Brasil.

Considerando as disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei n. 9.394, 20/12/1996), a formação escolar é composta pela educação básica e pela educação superior.

A educação básica contempla a educação infantil (creche e pré-escola), o ensino fundamental (equivale ao antigo 1o grau e aos cursos primário e ginasial) e o ensino médio (equivale ao 2º grau e ao colegial, em seus cursos científico, clássico e normal), e pode ser oferecida por meio do ensino regular, da educação especial e da educação de jovens e adultos (corresponde ao supletivo). 

A educação superior, por sua vez, oferece cursos de graduação, pós-graduação, sequenciais e de extensão, não sendo os dois últimos investigados na PNAD Contínua. 

Além da educação escolar, a LDB ainda define a educação profissional e tecnológica nas modalidades de qualificação profissional, técnica de nível médio e tecnológica de graduação e pós-graduação.

Com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
@ibgeoficial @prefeiturapaudarco.to @mineducacao @agencia.brasil 

Acesse a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua>>

 

 


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