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HANBIT-Nano

Foguete sul-coreano explodiu após decolar da Base de Alcântara

Agência Espacial ressalta que o lançamento do veículo transcorreu de forma regular e segura em todas as etapas sob responsabilidade brasileira

23/12/2025 - 08:02 Por Wilson Lopes

O foguete sul-coreano HANBIT-Nano explodiu minutos após decolar na Base de Alcântara, no Maranhão (23/12/2025). O veículo não era tripulado. O foguete da empresa Innospace partiu às 22h13 e, segundo comunicado da Força Aérea Brasileira (FAB), sofreu uma “anomalia que o fez colidir com o solo”.

O lançamento do HANBIT-Nano foi adiado diversas vezes. Inicialmente, o voo estava programado para ocorrer em novembro. A data mudou para 17 de dezembro, mas foi identificada uma anomalia, o que levou a nova mudança, dessa vez para 19 de dezembro. Outro problema fez com que o lançamento fosse transferido para o dia 22/12.

Responsabilidade brasileira

Em nota oficial, a Agência Espacial Brasileira (AEB) informa que o lançamento do veículo HANBIT-Nano transcorreu de forma regular e segura em todas as etapas sob responsabilidade brasileira, e que os sistemas de solo, a infraestrutura do Centro de Lançamento, os procedimentos operacionais e os protocolos de segurança funcionaram conforme o planejado, resultando em um lançamento preciso e plenamente aderente às normas internacionais.

“Após cerca de 30 segundos de voo, foi observada uma anomalia no veículo lançador, já fora da fase inicial de lançamento, que resultou na perda da missão. A investigação técnica caberá à Força Aérea Brasileira e à Innospace, empresa responsável pelo veículo, conforme os procedimentos internacionais adotados no setor espacial”, ressalta a AEB.

Segundo a Agência Espacial, apesar da anomalia, este lançamento representa um marco histórico para o Brasil, por se tratar do primeiro lançamento comercial realizado a partir do território nacional, reforçando a maturidade operacional do Centro de Lançamento de Alcântara e sua relevância estratégica no cenário espacial global.

“A AEB reafirma que eventos dessa natureza fazem parte do processo de desenvolvimento tecnológico na atividade espacial, sendo fundamentais para o aprendizado, a evolução dos sistemas e o aumento da confiabilidade em futuras missões”.

Primeiro foguete comercial

A Operação Spaceward marcaria o lançamento do primeiro foguete comercial a partir do território brasileiro.

Utilizando o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão (MA), a missão utilizava o foguete HANBIT-Nano para transportar oito cargas, sendo sete brasileiras e uma estrangeira. As cargas, que somavam cerca de 18 quilos, foram desenvolvidas por universidades, institutos de pesquisa, startups e empresas nacionais, com destaque para três projetos apoiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Entre as cargas brasileiras estavam os satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, da Universidade Federal de Santa Catarina; o Sistema de Navegação Inercial, desenvolvido por empresas nacionais com apoio da AEB; e o Pion-BR2 – Cientistas de Alcântara, satélite educacional da Universidade Federal do Maranhão, em parceria com a AEB, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e a startup Pion.

A Operação Spaceward é resultado de edital de chamamento público lançado em 2020 pela Agência Espacial Brasileira, que selecionou empresas interessadas em fazer lançamentos de foguetes a partir do Centro de Lançamento de Alcântara. A iniciativa consolida o modelo de parcerias público-privadas no setor espacial e posiciona o Brasil como fornecedor de soluções seguras e competitivas no mercado internacional.

HANBIT-Nano

Segundo a AEB, o Hanbit-Nano é um veículo orbital de dois estágios que utiliza propulsão híbrida. Com 21,7 metros de altura e 1,4 metro de diâmetro, o lançador integra uma nova geração de foguetes de pequeno porte, voltados a missões mais ágeis, econômicas e de alta confiabilidade. Ele foi projetado para colocar até 90 quilos de carga útil em uma órbita de 500 quilômetros.

No primeiro estágio, utiliza um motor híbrido de 25 toneladas de empuxo, alimentado por combustível sólido de base parafínica e oxidante líquido. A AEB explica que essa combinação oferece simplicidade estrutural, baixo custo operacional e elevada segurança.

No segundo estágio, ele pode operar com dois motores distintos, a depender da missão: o HyPER, motor híbrido de alto desempenho, e o LiMER, motor à base de metano líquido com bomba elétrica.

Ele conta com um Sistema de Terminação de Voo (FTS) que garante interrupção imediata da progressão do voo, caso alguma anomalia ocorra.

O projeto contou com a participação de 247 profissionais. Entre eles, 102 engenheiros com dedicação exclusiva.

As equipes atuam em quatro áreas de especialidade: Propulsão para o Primeiro Estágio, Motor a Base de Metano para o Segundo Estágio, Sistemas de Alimentação por Bomba Elétrica e Controle e Aviônicos.

O Centro Espacial de Alcântara (CEA), anteriormente conhecido como Centro de Lançamento de Alcântara, é um espaçoporto da Agência Espacial Brasileira (Warley de Andrade/TV Brasil)

Centro Espacial de Alcântara

O Centro Espacial de Alcântara (CEA), anteriormente conhecido como Centro de Lançamento de Alcântara, é um espaçoporto da Agência Espacial Brasileira, organização subordinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Força Aérea Brasileira (FAB).
 
Quando foi construído, em 1983, ainda no regime militar, no município de Alcântara, na costa atlântica norte do Brasil, no Maranhão, a região era habitada por cerca de 2 mil pessoas de comunidades quilombolas, que foram retiradas e transferidas para outras localidades (ainda hoje o município detém o maior número de comunidades quilombolas no país). Somente em 2024, o governo federal assinou um termo de conciliação com as comunidades, colocando fim a uma disputa de 40 anos pela área no entorno do centro espacial, permitindo a titulação integral do território quilombola de Alcântara e a consolidação da área atual do CEA. 

Nos seus 42 anos de atividade, o CLA já realizou 51 lançamentos (com seis falhas) de veículos brasileiros, norte-americanos, canadenses e sul-coreanos. (Wikipedia) 

Mais próxima da linha do Equador

Devido à proximidade com a linha do Equador (2 graus e 18 minutos de latitude sul), o consumo de combustível para o lançamento de satélites no CEA é até 30% menor em comparação com bases em latitudes maiores. Isso confere ao local uma vantagem significativa no lançamento de satélites geossíncronos, atributo compartilhado pelo Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. 
 
A disposição da península de Alcântara também permite lançamentos em todos os tipos de órbita, desde as equatoriais (em faixas horizontais) às polares (em faixas verticais), e a segurança das áreas de impacto do mar que foguetes de vários estágios necessitam ter.

Outra vantagem é o clima estável, o regime de chuvas bem definido e os ventos em limites aceitáveis que permitem o lançamento de foguetes em praticamente todos os meses do ano.

Com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Agência Espacial Brasileira (AEB); Bruno Bocchini e Pedro Peduzzi, Agência Brasil.

@mcti @fab_oficial @innospacecorp
#SPACEWARD #FirstCommercialLaunch #SpaceMission #RocketLaunch #Teamwork

Acesse o estudo ‘O Centro de Lançamento de Alcântara: abertura para o mercado internacional de satélites e salvaguardas para a soberania nacional’>>

Acesse a NOTA OFICIAL da Agência Espacial Brasileira sobre a Operação Spaceward>>
 


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