O prefeito de Sanclerlândia (7.918 habitantes), Itamar Leão, mantém na prefeitura um programa para qualificar trabalhadores para as empresas e indústrias da cidade, distante 134km da capital, Goiânia (GO).
Mesmo assim, a cidade não consegue prover a demanda dos empresários por mão de obra qualificada. “Temos 240 vagas para início imediato na confecção, no comércio e na indústria”, observa o prefeito.
Um dos empresários que presta serviço de facção para a Hering e está com máquinas de costura ociosas por conta da escassez de funcionários, chegou a desabafar em uma reunião na prefeitura: “Aqui só não trabalha quem não quer!”.
Sem discutir o mérito da questão, a situação de Sanclerlândia ilustra bem a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua - Mercado de Trabalho Conjuntural Divulgação Mensal (maio/2024), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa mostra que a taxa de desocupação no trimestre encerrado em maio ficou em 7,1%, alcançando o menor patamar para o período desde 2014. Se comparados com todos os trimestres da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012, o indicador é o menor desde o período de três meses encerrado em janeiro de 2015. Na época, a taxa ficou em 6,9%. O menor índice já registrado foi 6,6% no fim de 2014.
O levantamento aponta que, em maio, a população desocupada (pessoas com 14 anos ou mais de idade que não tinham trabalho e procuravam emprego) era de 7,8 milhões. A Pnad apura todas as formas de ocupação, seja emprego com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo.
Recorde de ocupados
A população ocupada chegou a 101,3 milhões de pessoas, um recorde da série histórica do IBGE. Esse contingente é 1,1 milhão superior ao do trimestre encerrado em fevereiro e 2,9 milhões acima do registrado no mesmo período de 2023.
De acordo com a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, “o crescimento contínuo da população ocupada tem sido impulsionado pela expansão dos empregados, tanto no segmento formal como informal. Isso mostra que diversas atividades econômicas vêm registrando tendência de aumento de seus contingentes”.
Para ilustrar a avaliação, o número de empregados com carteira assinada (38,3 milhões) foi recorde. “Esse recorde não acontece de uma hora para outra. É fruto de expansões a cada trimestre”, diz Adriana Beringuy. O contingente de empregados sem carteira também foi o maior já registrado (13,7 milhões).
O rendimento médio dos trabalhadores ficou em R$ 3.181. Esse valor é o mais alto desde o outubro de 2020. “Em 2020 havia rendimento elevado, mas com perda de população ocupada”, explica Adriana, se referindo ao período em que a economia sofria efeitos da pandemia, que forçaram o corte de postos de trabalho de menor remuneração e informais, principalmente.
A taxa de informalidade foi de 38,6% da população ocupada, o que representa 39,1 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior o índice era de 38,7 % e, um ano atrás, de 38,9%. Esse grupamento informal inclui, principalmente, empregados sem carteira, empregador e trabalhador por conta própria sem CNPJ.
Com informações, Bruno de Freitas Moura, Agência Brasil; Luiz Bello, Agência IBGE Notícias
Acesse a reportagem “PNAD Contínua: taxa de desocupação é de 7,1% e taxa de subutilização é de 16,8% no trimestre encerrado em maio”>>
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