Logo Agência Cidades
5% são contrários

Pais devem ter acesso ao que os filhos de até 17 anos navegam na internet

Pesquisa Porto Digital/Offerwise constata que 95% dos brasileiros acreditam que os pais devem acessar o que os filhos consomem na internet, mesmo com resistência dos jovens

17/05/2025 - 10:00 Por Wilson Lopes

O Parlamento da Austrália aprovou, em novembro de 2024, uma lei proibindo o acesso às redes sociais a menores de 16 anos. Na prática, a lei exige que plataformas como X, TikTok, Instagram ou Facebook tomem “medidas razoáveis” para impedir que crianças e jovens adolescentes tenham uma conta e o descumprimento desta obrigação resultará em multas de até 30,7 milhões de euros.

O primeiro-ministro Anthony Albanese defendeu o projeto de lei e acusou as redes sociais de serem “uma plataforma de pressão social, uma fonte de ansiedade, um canal para zombadores e, o pior de tudo, uma ferramenta para predadores on-line”.
No papel, a legislação australiana é uma das mais rigorosas do mundo e está sendo acompanhada de perto por vários países que considerarem a implementação de restrições semelhantes.

No estado da Flórida (EUA), menores de 14 anos estão proibidos de acessar plataformas de redes sociais e adolescentes entre 14 e 15 anos precisam de consentimento dos pais. A Espanha também caminha para restringir o acesso a menores de 16 anos e, na China, menores de 14 anos não podem passar mais de 40 minutos por dia na versão chinesa do TikTok.

No Brasil, enquanto o debate não se dá em torno da proibição irrestrita, pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e pela QuestionPro em 2024 mostrava que 80% dos adultos acreditavam que o uso de celulares nas escolas deveria ser proibido. Entre os pais, 82% concordavam com essa proibição, também apoiada pela maioria dos entrevistados sem filhos (72%).

Em janeiro, o Governo Federal publicou a Lei nº 15.100 e, em fevereiro, o Decreto 12.385, regulamentando a proibição do uso, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante a aula, o recreio ou o intervalo entre as aulas, para todas as etapas da educação básica. A finalidade, segundo o documento, é preservar a saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes.

Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a dependência digital (a nomofobia) como um transtorno caracterizado pelo medo irracional de estar sem o celular ou outros aparelhos eletrônicos. Diversas pesquisas também apontam que ouso excessivo de celulares por crianças e adolescentes pode causar alterações cerebrais; distúrbios de atenção e de comportamento; atrasos no desenvolvimento da cognição e da linguagem; miopia; problemas no sono; e sobrepeso.

Em meio aos debates sobre o tema, o estudo ‘Adolescentes, Mídias Sociais e Tecnologia 2024’, do Pew Research Center, mostrou que 90% dos adolescentes norte-americanos de 13 a 17 anos dizem que acessam o YouTube constantemente. TikTok (63%), Instagram (61%) e Snapchat (55%) vêm em seguida.

No Brasil, 6 em cada 10 crianças entre 9 e 10 anos possuam contas em redes sociais, burlando restrição de idade das plataformas (Freepik)

Preocupação no Brasil

No Brasil, estima-se que 93% da população de 9 a 17 anos seja usuária de internet, o que representa cerca de 25 milhões de jovens, e que 6 em cada 10 crianças entre 9 e 10 anos possuam contas em redes sociais, burlando restrição de idade das plataformas (CNN Brasil/Olhar Digital).

Para trazer luz para o debate, o Porto Digital e a Offerwise realizaram uma pesquisa com abrangência nacional e constataram que a maioria dos brasileiros acredita que os pais devem acessar o que os filhos consomem na internet, mesmo com resistência dos jovens. 

  • Quando questionados se acreditam se os pais devem ter acesso ao que os filhos de até 17 anos navegam na internet, apenas 5% dos entrevistados foram contrários. 31% são favoráveis ao acesso parcial e 64% ao acesso total.
     
  • Sobre o tempo que os filhos navegam na internet, a maioria também é favorável ao controle total (58%), enquanto 37% se contentam com o controle parcial (37%) e 5% desconsideram monitorar o tempo. 
     
  • O controle digital, seja por meio de apps ou de configurações no celular para restringir o uso de certos conteúdos na internet pelos seus filhos, é utilizado por 44% dos pais os responsáveis. Outros 21% o fazem de maneira esporádica.
Entre os maiores desafios enfrentados pelos adolescentes brasileiros, estão o bullying e a violência escolar (57%) - Freepik

Saúde mental

  • Quando a régua sobe para os jovens, o que preocupa é a saúde mental, segundo a pesquisa Porto Digital/Offerwise. Questionados sobre os maiores desafios enfrentados pelos adolescentes brasileiros, os entrevistados apontaram bullying e violência escolar (57%), dificuldades emocionais, como ansiedade e depressão (48%), dificuldades financeiras e sociais (32%) e falta de acesso à educação de qualidade (31%) como os principais problemas.
     
  • Mas questões familiares (29%), violência urbana e falta de segurança nas cidades (25%), pressão para ter um padrão de beleza (23%), desemprego e falta de perspectiva de futuro (23%) e pressão para se destacar nas redes sociais (15%) também se destacaram.
     
  • Diante desse cenário, apenas 13% acreditam que os jovens recebem apoio suficiente para lidar com dificuldades nessa fase da vida. Para os outros 87% que pensam ao contrário, faltam apoio nas escolas (61%) e no seio familiar (47%).
     
  • Sem saber ao certo como lidar com a situação, 69% dos entrevistados acreditam que psicólogos nas escolas poderiam impactar positivamente a saúde mental dos jovens. Para outros 60%, as escolas deveriam adotar programas de prevenção e conscientização. Já 57% apontam o investimento público em atendimento psicológico como solução.
Apenas 5% dos entrevistados foram contrários aos pais terem acesso ao conteúdo que os filhos navegam na internet (Freepik) 

Cuidado compartilhado

Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, acredita que o cuidado com a juventude deve ser um compromisso compartilhado, que envolve escolas, famílias, empresas e governos.

“Essa pesquisa evidencia que não basta apenas discutir inovação tecnológica – é preciso humanizá-la e colocá-la a serviço da sociedade”, ressalta.

Para Lucena, o futuro da inovação está diretamente ligado à forma como cuidamos dos nossos jovens.

“Não basta apenas impulsionar avanços tecnológicos — é fundamental criar pontes entre a tecnologia e a transformação social real. A pesquisa reforça que a construção de um ecossistema inovador passa, obrigatoriamente, pela promoção da saúde emocional e do desenvolvimento humano desde cedo", conclui.

Julio Calil, General Manager da Offerwise, explica que os resultados da pesquisa nos mostram que a população enxerga a necessidade de um esforço conjunto para criar espaços mais seguros e de apoio nas escolas, especialmente diante do uso precoce e intenso das redes sociais.

“A pesquisa dá visibilidade a esses desafios e traz um campo de análise para orientar ações mais eficazes, que conectem inovação tecnológica à promoção do bem-estar das novas gerações”, finaliza. 

O Porto Digital, localizado na área histórica da cidade do Recife, Pernambuco, é o principal distrito de inovação da América Latina há mais de 24 anos, com ecossistemas colaborativos que visam transformar o entorno com novas tecnologias, economia criativa e ferramentas que melhoram a vida em sociedade. Sua atuação abrange os setores de produção de software, serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa. Atualmente, o parque conta com mais de 21 mil colaboradores distribuídos em mais de 475 empresas, gerando um faturamento anual de R$ 6,2 bilhões.

A Offerwise atua há mais de 20 anos com pesquisa de mercado. Com um modelo único e próprio de recrutamento tem conseguido construir um dos principais painéis de pesquisa no mundo, evoluindo para uma empresa robusta de campo on-line com uso de tecnologia avançada.

Com informações, Marina Escarminio, Burson. 
@portodigital @offerwiseresearch @burson.global

Acesse o Porto Digital>>

Acese a Offerwise>>

 

 


Deixe seu Comentário