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Bora trabalhar?

Para ir ao trabalho, 32% dos brasileiros usam o carro, 21% o ônibus, 17% vão a pé e 16% a moto

Florianópolis, Goiânia e Porto Alegre são as capitais com a maior proporção de pessoas que levam menos de meia hora para chegar ao trabalho

10/10/2025 - 16:04 Por Wilson Lopes

A maioria da população brasileira trabalha no próprio município onde reside (88,4% ou 76,6 milhões de pessoas). Desse grupo, 71,4% (61,9 milhões) o fazem fora da sua moradia, enquanto 16,9% (14,7 milhões) do pessoal ocupado trabalha em casa. 

Os dados foram apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e integram o ‘Censo 2022: Deslocamentos para trabalho e para estudo – Resultados preliminares da amostra’, revelando características da mobilidade das pessoas que precisam se deslocar para exercer seu trabalho ou estudar.

Segundo o estudo, há um predomínio do uso de automóvel (32,3%), ônibus (21,4%) e motocicleta (16,4%), além da locomoção a pé (17,8%), como meios de transporte, representando 87,9% do deslocamento para trabalho no país. 

Em valores absolutos, 48,9 milhões de pessoas usam esses meios de transporte motorizados: 22,6 milhões de pessoas, o automóvel; 14,9 milhões, o ônibus; e 11,4 milhões, a motocicleta. 

Chama atenção o alto número de deslocamentos a pé, feitos por 12,4 milhões de pessoas (17,8%), e por bicicleta, realizados por 4,4 milhões de pessoas (6,2%), o que revela um padrão de deslocamento significativo da população brasileira. 

Outro aspecto relevante foi o baixo percentual de pessoas que se deslocam em meios de transporte de alta capacidade, como trem ou metrô, com apenas 1,6% dos deslocamentos (1,1 milhão de pessoas), uma proporção próxima de van, perua e assemelhados, utilizados por 945 mil pessoas (1,4%).


Um contingente de 9,3 milhões de pessoas (10,7%) trabalha fora do município onde reside. Além disso, aproximadamente 1% da população ocupada declarou trabalhar em mais de um município ou país, e cerca de 0,04% em país estrangeiro (32 mil pessoas), o que indica, especialmente na faixa de fronteira, a interação de cidades brasileiras e estrangeiras no deslocamento para o trabalho.

Racismo no volante

Os dados do Censo 2022 evidenciam ainda diferenças quanto ao meio de transporte mais utilizado para ir ao trabalho, dependendo da cor ou raça das pessoas. A população de cor ou raça branca usa principalmente o automóvel, totalizando 13,3 milhões de pessoas (42,9%), o maior valor absoluto dentre todos os meios de transporte, seguido do deslocamento por ônibus, realizado por 5,5 milhões de pessoas (17,6%). Os deslocamentos feitos a pé, realizados por 4,9 milhões de pessoas brancas (15,7%), e por motocicleta, com 13,6% dos deslocamentos, abrangendo 4,2 milhões de pessoas, também são significativos.

Quando se observa o deslocamento da população de cor ou raça preta, há maior uso de ônibus (29,5%), escolha de 2,4 milhões de pessoas desse grupo. O uso do automóvel, o segundo meio de transporte mais expressivo, por 1,7 milhões de pessoas (21,0%), é semelhante à quantidade de pessoas pretas que se deslocam para o trabalho a pé, totalizando 1,6 milhões de pessoas (19,8%).

Fonte: Censo Demográfico 2022: deslocamentos para trabalho e estudo - resultados preliminares da amostra

Tempo de deslocamento

A análise do tempo de deslocamento entre a casa e o local de trabalho mostra que a maior parte (56,8%) das pessoas que se deslocam para o trabalho leva de seis minutos até meia hora, totalizando 40 milhões de pessoas, enquanto 1,3 milhão de pessoas leva mais de duas horas para chegar ao trabalho. 

Dos vinte municípios com população acima de 100.000 habitantes e maior percentual de trabalhadores cujo tempo de deslocamento para o trabalho supera duas horas, 11 são do Rio de Janeiro, sete de São Paulo e dois do Pará. 

O tempo de deslocamento nas 15 metrópoles brasileiras apresentou variações, com Florianópolis (SC), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS) mostrando maiores proporções de pessoas que levam até meia hora para chegar ao trabalho, enquanto Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Manaus (AM) apresentam as maiores proporções das faixas acima de meia hora. No Rio de Janeiro (RJ), nota-se 5,6% de duração de mais de duas horas entre seus deslocamentos.

São Paulo e Goiás têm mais trabalhadores fora dos municípios

No âmbito regional, os estados de São Paulo (13,7%), Goiás (13,7%), Rio Grande do Norte (15,5%), Sergipe (16,0%) e Pernambuco (15,2%) apresentam os percentuais mais elevados de população ocupada que se desloca para trabalhar em outro município. 

Esses valores decorrem dos fortes processos de integração que existem entre municípios, especialmente aqueles que compõem concentrações urbanas. Em São Paulo, por exemplo, 2,8 milhões de pessoas ocupadas se deslocam para trabalhar em outro município, o que representa 30,5% do total de pessoas que se deslocam para trabalho em outro município no Brasil.

No estado do Amazonas (98,1%), há maior proporção de pessoas que trabalham em seu município de residência, em contraposição a Sergipe (82,7%), unidade da federação com menor proporção para essa categoria. 

No que diz respeito ao trabalho exercido no próprio domicílio de residência, Rondônia (22,7%) apresenta a maior proporção, enquanto o Distrito Federal aparece na outra ponta, com 14,9%.

Já nos deslocamentos para trabalhar em outro país, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo são os estados com maiores números absolutos: 6,2 mil, 5,2 mil e 4,4 mil pessoas, respectivamente. Merecem destaque também os resultados para locais de exercício de trabalho em mais de um município ou país, mais expressivos em São Paulo (183,5 mil pessoas), Minas Gerais (80,7 mil) e Paraná (76,4 mil).

Com informações de Igor Ferreira e Claudia Ferreira.
@ibgeoficial @prefflorianopolis @prefeituradegoiania @prefpoa

Acesse o Censo Demográfico 2022: deslocamentos para trabalho e estudo - resultados preliminares da amostra>>

Segundo o Censo, 88,4% da população ocupada no Brasil exerce seu trabalho no mesmo município onde reside 
 


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