A Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) já anunciava que a temporada de furacões de 2024 seria mais intensa e destrutiva do que a de anos anteriores, devido ao aumento da temperatura média do nível do mar e às mudanças climáticas. A passagem do furacão ‘Milton’ pelo estado da Flórida, nos Estados Unidos, 12 dias após a passagem do ‘Helena’, ratifica o presságio da NOAA e deixam em alerta milhões de pessoas, reféns de uma das forças mais destrutivas da natureza.
Como se formam os furacões?
De acordo com artigo desenvolvido por Chris Hebert, analista de furacões da StormGeo Company, publicado pelo Climatempo, os furacões se desenvolvem em águas tropicais quentes, principalmente durante o verão e outono. Para surgir eles precisam de temperatura da água igual ou superior a 27°C, pois são basicamente motores térmicos e extraem sua energia da liberação de calor latente no processo de condensação. Conforme o ar quente e úmido sobe, ele se condensa em nuvens de chuva, liberando calor na atmosfera. Essa liberação de calor funciona como um processo de retroalimentação, fazendo com que mais ar mais suba, e ocasionando rajadas de vento (repentinas e violentas) e uma redução da pressão na superfície. Conforme a pressão em superfície cai, o ar começa a se deslocar em direção à área de baixa pressão. O Efeito Coriolis faz com que o ar gire (sentido anti-horário no Hemisfério Norte, sentido horário no Hemisfério Sul). Em outras condições favoráveis, essa área de rotação das rajadas de vento pode se tornar uma tempestade tropical ou furacão.
Como os furacões são previstos?
Dados de todo o mundo são alimentados em modelos computacionais, os quais usam equações complexas com muitas variáveis para prever padrões climáticos. No entanto, prever com precisão a rota exata de um furacão com dias de antecedência continua sendo um problema. A dificuldade está em obter dados atmosféricos precisos sobre os oceanos tropicais. Sem observações diretas, devemos estimar o que está acontecendo em todos os níveis da atmosfera ao longo dos oceanos. Como acontece com qualquer software, dados ruins ou insuficientes resultarão em previsões menos assertivas. Modelos computacionais modernos podem realizar uma previsão do tempo diariamente para até duas semanas. Frequentemente, eles podem detectar o desenvolvimento potencial de um ciclone tropical com 7 a 10 dias de antecedência.
O que é ‘olho’ do furacão?
O olho é uma característica exclusiva de fortes ciclones tropicais, como furacões (ou tufões). O ar quente e úmido em espiral no centro do furacão, sobe na atmosfera a até 16 quilômetros, formando a parede do olho. A parede do olho é um anel circular de rajadas intensas em torno do centro de um furacão, onde ficam seus ventos mais fortes. Este anel de rajadas intensas pode ter um diâmetro de apenas 1,6km ou 160km. Dentro do olho, perto do centro, os ventos são relativamente calmos, geralmente menos de 40 km/h.
O que é uma tempestade subtropical?
Uma tempestade subtropical é uma área de baixa pressão que se forma nos trópicos ou subtrópicos. Os trópicos são uma região identificada como a área ao norte do Equador até o Trópico de Câncer e ao sul do Equador até o Trópico de Capricórnio. As regiões subtropicais são definidas como áreas que se estendem por aproximadamente 12 graus de latitude ao norte e ao sul dos trópicos. Ao contrário de uma tempestade tropical, uma tempestade subtropical normalmente não tem ventos ou rajadas mais fortes no centro. Isso dificulta o fortalecimento da tempestade.
O que é um tufão e um tornado?
Diferentemente do furacão, que ocorre no Oceano Atlântico e no leste do Oceano Pacífico, chamamos de tufão o ciclone tropical que ocorre nas águas da porção oeste do Oceano Pacífico. O tornado é um fenômeno de menor intensidade em relação ao furacão, caracterizado pela formação e pela movimentação de uma coluna de ar que toca a superfície. Geralmente, atinge a área rural.
Como se define o nome de um furacão?
A escolha do nome de um furacão passa por algumas regras estipuladas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), com sede em Genebra, na Suíça. A organização seleciona nomes comuns de pessoas em inglês, espanhol e francês, pois são as línguas mais faladas em áreas afetadas por furacões. São utilizados nomes de pessoas para facilitar a memorização e comunicação com o público. Os nomes são divididos igualmente entre masculinos e femininos, em ordem alternada. Para os ciclones que se formam no Oceano Atlântico, ou seja, furacões, são seis colunas, cada uma representando um ano, com 21 nomes cada. Eles seguem a ordem alfabética, excluindo as letras q, u, x, y e z, pois poucos nomes começam com essas letras. No caso dos ciclones formados no Oceano Pacífico, ou seja, os tufões, a nomenclatura depende da região de origem do fenômeno. Se ocorrer no Noroeste do Pacífico, a nomenclatura obedece a uma lista com 144 nomes de A a Z (excluindo as letras q e u), que também se divide em seis colunas (anos). Já os tufões do Centro-Norte do Pacífico recebem nomes havaianos, um total de 48, que são usados um depois do outro.
Como medir a intensidade dos furacões?
Em 1970, o engenheiro Herbert Saffir e Robert Simpson, então diretor do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, criaram uma escala para medir a intensidade dos furacões, assim como já existia a escala Richter para medir a intensidade dos terremotos. A ‘Escala Saffir-Simpson’ vai de 1 a 5 e é usada para dar a estimativa do potencial risco de danos e inundações esperados durante a passagem de um furacão. A categoria é estimada através da velocidade do vento mantida durante 1 minuto, daí a expressão “ventos sustentados”.
Categoria 1 - Ventos entre 119 e 153 km/h.
As ondas provocadas pela tempestade aumentam entre 1,3 e 1,5 metros acima de seu nível normal. Não há riscos reais nas estruturas. Porém, há riscos menores para traillers soltos e queda de pequenas árvores. Alguns outdoors podem ser arrancados. Também alagamentos podem ocorrer próximos à costa, assim como desmoronamentos.
Categoria 2 - Ventos entre 154 e 177 km/h.
As ondas atingem uma altura entre 1,8 e 2,45 metros acima de seu nível normal. Causa danos em telhados, janelas e portas, podendo também arrancá-los. Danos consideráveis em árvores e arbustos e algumas árvores podem ser arrancadas. Causa sérios danos em traillers, barcos ancorados e outdoors. Pequenos barcos em ancoradouros desprotegidos rompem suas amarras. Duas horas antes da chegada do olho do furacão, diversos alagamentos podem ocorrer.
Categoria 3 - Ventos entre 178 e 209 km/h.
É um grande furacão. As ondas alcançam até 3,7 metros. Danos em estruturas de pequenas residências. Árvores de grande porte podem ser arrancadas. Traillers e outdoors são destruídos. Aproximadamente 3 horas antes da chegada do centro da tempestade, locais de baixadas são alagados e áreas próximas à costa sofrem alagamentos, arrasando pequenas propriedades. Normalmente é requerida a evacuação das áreas mais baixas.
Categoria 4 - Ventos entre 210 e 249 km/h.
As ondas alcançam 5,5 metros. Destelhamento completo em pequenas residências. Árvores, arbustos e outdoors são arrancados. Destruição completa de traillers, grandes danos em portas e janelas. Aproximadamente 3 horas antes da chegada do olho do furacão, locais de baixadas são alagados. Áreas 3 metros acima do nível médio do mar podem ser inundadas, requerendo massiva evacuação das áreas residências distantes até 10km da costa.
Categoria 5 - Ventos maiores que 249 km/h.
Nível máximo da escala. As ondas ficam acima de 5,5 metros. Destelhamento total da maioria das casas e prédios industriais. Algumas casas são arrastadas com a força do vento. Todas as árvores, arbustos, outdoors e luminosos são arrancados e grandes danos nas áreas baixas localizadas a menos de 4,5 metros acima do nível médio do mar. Grandes inundações em uma distância de até 500 metros da linha da praia. Evacuação total nas áreas até 16km da costa.
Com informações, Secretaria da Educação do Paraná (Fundepar); UOL Educação; Mundo Educação UOL; Climatempo; Brasil Escola; National Hurricane Center; @weatherchannel
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