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TIC Domicílios 2025

Uso da internet nos lares mais pobres cresceu 356,2% em dez anos

Avanço da conectividade nos domicílios também proporcionou o crescimento das apostas online e o uso da inteligência artificial

10/12/2025 - 16:23 Por Wilson Lopes

Os domicílios brasileiros das classes D e E com acesso à internet tiveram um expressivo crescimento de 356,2% em apenas 10 anos, saltando de 16% em 2015 para 73% em 2025. Na classe C, a evolução também foi alta: de 56% para 98% (75%). Já nas classes B (88% para 98%) e A (99% para 100%), o crescimento foi menor, pois ambas já apresentavam altos índices de acesso à internet.

Na média, os resultados mostram um avanço da conectividade nos domicílios brasileiros: 86% deles têm acesso à rede (um aumento de três pontos percentuais em relação a 2024), com crescimento da proporção de domicílios com banda larga fixa (76%, ante 71% em 2024). Significa dizer que o país conta com 157 milhões de usuários da internet, chegando a 163 milhões se considerado o acesso de aplicativos que acessam indiretamente a rede.

Os números fazem parte da ‘TIC Domicílios 2025’, lançada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

A pesquisa não apresenta a classificação utilizada para definir as classes sociais. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também não utiliza uma tabela oficial de classes. Contudo, alguns estudos usam uma classificação, com valores aproximados de renda familiar mensal (RFM): 

  • Classe A: Acima de R$ 24.800 (ou mais de 15 salários mínimos).
  • Classe B: Entre R$ 8.000 e R$ 24.800 (ou 5 a 15 SM).
  • Classe C: Entre R$ 3.300 e R$ 8.000 (ou 3 a 5 SM).
  • Classes D/E: Até R$ 3.300 (ou até 3 SM), sendo a D a faixa superior e E a inferior.

Conectividade móvel

A pesquisa investigou também o limite ao uso da Internet devido a restrições de alguns planos de dados para celular. Aproximadamente 64 milhões de brasileiros (39% das pessoas que têm telefone celular) afirmaram que seu pacote de dados acabou, ao menos uma vez, nos últimos três meses. O problema afeta em maiores proporções os usuários de planos pré-pagos (52%), modalidade mais comum entre a população de baixa renda (61% das pessoas nas classes D e E que possuem telefone celular têm essa modalidade de plano).

Entre as pessoas que passaram por essa situação, 41% só conseguiram usar aplicativos específicos (como aqueles aplicativos patrocinados) e 39% ficaram sem acesso a aplicativos que costumavam usar.

Consolidação do Pix

A edição da pesquisa deste ano mostra a expansão do Pix no cotidiano financeiro dos brasileiros. Pela primeira vez medindo seu uso geral para pagamentos e transferências – e não apenas para compras online –, o levantamento aponta que 75% dos usuários de internet utilizaram o sistema, consolidando-o como a principal ferramenta de transação digital do país. Contudo, apesar da ampla adoção do Pix, a pesquisa revela que a intensidade e a apropriação da ferramenta ainda são eivadas de desigualdade socioeconômica.

Enquanto o uso do Pix é praticamente universal na classe A (98%), a proporção cai para 60% entre os usuários das classes D e E. Essa diferença de 38 pontos percentuais sugere que, embora o acesso ao Pix tenha se popularizado, a plena participação na economia digital ainda enfrenta barreiras.

Apostas online

A TIC Domicílios 2025 mostra pela primeira vez que 19% dos usuários de Internet (o equivalente a 30 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais) realizaram algum tipo de aposta online. A prática é mais comum entre homens (25%) do que entre mulheres (14%), especialmente em apostas esportivas (12% e 2%, respectivamente).

Segundo a pesquisa, 8% dos usuários de Internet realizaram aposta em cassino online, 7% pagaram para participar de alguma rifa digital ou de sorteio divulgado em uma rede social ou em aplicativo de mensagem, e igual proporção fez aposta esportiva por sítios ou aplicativos, ou aposta em loteria federal.

Governo Eletrônico

A busca por serviços públicos digitais foi outra atividade relevante investigada pela pesquisa: em 2025, 71% dos usuários de Internet com 16 anos ou mais utilizaram serviços de governo eletrônico. Pela primeira vez, a pesquisa mediu o uso específico da plataforma Gov.br, que foi acessada por 56% dos usuários nessa faixa etária, seja para realizar um serviço para si (49%), para terceiros (18%) ou pedindo ajuda de outra pessoa (12%).

Desigualdades no uso de IA

O uso de IA generativa é significativamente mais elevado entre os estratos mais escolarizados e de maior renda. A proporção daqueles que utilizaram essas ferramentas chega a 69% na classe A, caindo para 16% nas classes D e E. Da mesma forma, 59% dos usuários com Ensino Superior adotaram a IA, em contraste com 17% daqueles com Ensino Fundamental.

A principal finalidade declarada de uso foi para "fins pessoais" (84% dos que usaram IA). O levantamento também mostra o impacto na educação: 86% dos estudantes de escolas ou universidades recorreram à IA para realizar pesquisas ou trabalhos acadêmicos. Entre os que não utilizaram IA, a falta de habilidade foi um motivo mais frequente entre os que possuem até o Ensino Fundamental (65%), reforçando a desigualdade no acesso e uso de tecnologias, que pode criar um ciclo de exclusão.

Com informações do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR.
@nicbr @prefeiturabh

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