Na quinta-feira, 24 de julho, os 8,062 bilhões de habitantes do planeta Terra terão esgotado todos os recursos e serviços ecológicos que a natureza conseguirá produzir durante o ano de 2025.
A data é apontada como ‘Dia da Sobrecarga da Terra’ (Earth Overshoot Day) pela Global Footprint Network, organização internacional de sustentabilidade pioneira na Pegada Ecológica. A instituição utilizou dados das Contas Nacionais de Pegada e Biocapacidade mantidas pela Universidade de York, do Reino Unido.
Quando começou a ser medido, em 1971, o dia da sobrecarga ocorreu em 29 de dezembro, quase no final do ano. Nos Estados Unidos, em 2025, o Overshoot Day ocorrerá em 13 de março. No Brasil, em 1º de agosto. Já a Argentina (3 de julho) e o Paraguai (20 de julho) estão abaixo da média mundial, mas o Uruguai dá o bom exemplo para o Mercosul (17 de dezembro).
Segundo a Global Footprint Network, o Earth Overshoot Day significa que a humanidade está usando a natureza 1,8 vezes mais rápido do que os ecossistemas da Terra conseguem se regenerar.
“Essa sobrecarga ocorre porque as pessoas emitem mais CO do que a biosfera consegue absorver, usam mais água doce do que a repõe, cortam mais árvores do que conseguem regenerar, pescam mais rápido do que os estoques se repõem, etc. Esse uso excessivo, além do que a natureza pode renovar, esgota inevitavelmente o capital natural da Terra. Compromete a segurança dos recursos a longo prazo, especialmente para aqueles que já têm dificuldade para acessar os recursos necessários para operar”, ressalta o relatório.

O impacto do overshoot
Extrapolar os limites, explica a instituição, não causa apenas a perda de biodiversidade, do esgotamento de recursos, do desmatamento e do acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, que intensifica eventos climáticos extremos, mas, também, alimenta a estagflação, a insegurança alimentar e energética, crises sanitárias e conflitos. Com isso, regiões, cidades, empresas e países que não se prepararam para essa realidade previsível enfrentam riscos significativamente maiores.
“Embora o Dia da Sobrecarga da Terra deste ano seja o mais cedo de todos os tempos, ele se manteve numa janela estreita por mais de 15 anos, ocorrendo consistentemente logo após 7 meses do ano. No restante do ano, a humanidade vive destruindo ainda mais o planeta. Portanto, mesmo que a data se mantenha, a pressão sobre o planeta se intensifica, pois os danos da sobrecarga são cumulativos. O déficit orçamentário anual se soma à dívida ecológica já existente.”
Pegada Ecológica
O Dia da Sobrecarga da Terra é determinado com base na edição mais recente das Contas Nacionais de Pegada Ecológica e Biocapacidade (edição de 2025). Essas contas fornecem dados completos até 2022 e estimativas para 2023 e 2024 com base em dados parciais e extrapolações. A Global Footprint Network estimou ainda os resultados prováveis para 2025.
As agências da ONU e órgãos afiliados, que fornecem todos os dados de entrada para as contas, revisam regularmente seus conjuntos de dados, o que pode levar a atualizações nos cálculos históricos da Pegada Ecológica e da biocapacidade. Uma revisão importante neste ano foi um ajuste para baixo na capacidade de sequestro de carbono do oceano. Isso, juntamente com uma Pegada per capita ligeiramente maior e uma biocapacidade per capita ligeiramente menor, antecipou o Dia da Sobrecarga da Terra em um dia em relação a 2024.
Desde que o excesso ecológico global começou no início da década de 1970, os déficits anuais acumularam-se numa dívida ecológica crescente. Esta dívida equivale agora a 22 anos da produtividade biológica total da Terra. Por outras palavras, se o excesso ecológico fosse totalmente reversível, seriam necessários 22 anos da capacidade regenerativa total do planeta para restaurar o equilíbrio perdido. No entanto, é improvável que toda a dívida ecológica seja reversível.
Se a superação continuar no nível atual, essa dívida aumentará em aproximadamente 0,8 anos-planeta a cada ano. Uma consequência mensurável dessa superação cumulativa é o aumento dos níveis de CO na atmosfera: desde o início da superação global, as concentrações aumentaram em 100 partes por milhão (ppm). Em 1970, os níveis de CO estavam 47 ppm acima dos níveis pré-industriais; hoje, estão 147 ppm acima.
O Dr. Mathis Wackernagel, membro do conselho da Global Footprint Network, afirma:
“Devido à natureza da física, o overshoot não pode perdurar. Ele terminará por projeto deliberado ou por um desastre. Não deve ser muito difícil escolher qual é preferível, especialmente à luz de tantas opções possíveis.”
Com informações da Global Footprint Network.
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