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Em pouco mais de 10 anos

5.279 municípios emitiram 70.361 decretos de emergência ou estado de calamidade

Mapeamento da CNM mostra que 95% dos municípios foram diretamente afetados e os problemas mais recorrentes são a seca e a estiagem

18/05/2025 - 20:37 Por Wilson Lopes

Em pouco mais de uma década, os prejuízos causados por desastres no Brasil saltaram de R$ 8,5 bilhões em 2013, para R$ 732,2 bilhões, em 2024. Foram 70.361 decretos de emergência ou estado de calamidade, apresentados por 5.279 municípios, o que representa uma média de 13 ocorrências por prefeitura. 

De acordo com o Panorama dos Desastres no Brasil – 2013 a 2024, produzido pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), mais de 473,2 milhões de pessoas tiveram algum transtorno. Considerando a população total de 2023, é como se cada pessoa tivesse sido afetada por desastres mais de duas vezes, durante o período.

“Podemos dizer que todos os municípios do Brasil tiveram problemas com desastres, mais de 6 milhões de pessoas tiveram que abandonar a suas casas e quase 3 mil pessoas morreram, no período analisado, é alarmante. Os municípios não conseguem resolver isso sozinhos, e precisam lidar com as consequências. É urgente a adoção de ações integradas de prevenção de desastres e gestão de riscos”, afirma o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. 

Ele alerta para a atualização do panorama e do aumento do valor das perdas, que subiu de R$ 639,4 bilhões para R$ 732,2 bilhões em um ano.

O mapeamento mostra que 95% dos municípios foram diretamente afetados. E o problema mais recorrente é a seca, a estiagem, responsável por 27,9 mil registros de anormalidades; seguido de problemas causados pelo excesso de chuvas, com 20,4 mil decretos.

Esses dois fenômenos antagônicos motivaram 48,4 mil pedidos de apoio ao governo federal, ou seja, 68,9% dos 70.361 decretos dos últimos 12 anos. Outros 22,8% foram resultados de dificuldades com doenças infecciosas; 5,7% por incêndios florestais; 2,5% por vendavais, geadas e granizos; e apenas 0,2% por ondas de calor.

Mortes e danos

Mesmo se tirar os números da pandemia da Covid-19, o estudo aponta crescimento significativo no número de desastres de origem biológica – bacterianas, parasitárias e virais. Se entre 2013 e 2019, esse tipo de problema representava somente 0,43% do total de anormalidade, entre 2022 a 2024, eles foram o motivo de 8,7% deles. 

No período da pandemia, foram aproximadamente 16 mil registros de emergências ou calamidades, e 64% nas declarações desse tipo entre 2013 e 2024. Sem considerar as mais de 716 mil mortes creditadas à Covid-19, os desastres vitimaram diretamente outras 2.978 mortes ao longo do período analisado. O cenário de desabrigados é devastador, com um milhão de registros no período. Já o número de desalojados, entre 2013 e 2024, foi de 5,1 milhões.

Tanto no caso de desabrigados como de desalojados, o povo do Norte e do Nordeste são os que mais padeceram durante o período; seguidos das regiões Sul, Sudeste e, por último, Centro-Oeste. Na contramão, com os maiores prejuízos econômicos, na infraestrutura pública, nos setores de agricultura e pecuária e no setor habitacional, a região Sul aparece em primeiro, com 37,5% das perdas. Novamente, aparece o Nordeste, com 35,5%; seguido do Sudeste, com 16,3%; do Centro-Oeste, com 7,9%; e do Norte, com 2,8%.

O panorama da CNM mostra ainda o impacto dos desastres em outros setores, como na agricultura e na pecuária, por exemplo, que tiveram perdas de R$ 325,6 bilhões e R$ 94,4 bilhões – 44,5% e 12,9% do total de R$ 732,2 bilhões em prejuízos, respectivamente. A recorrência de casos causou dano de R$ 86 bilhões (11,7%) nas instalações públicas de saúde; de R$ 61,2 bilhões (8,4%) no abastecimento de água potável; de R$ 43,4 bilhões (5,9%) em habitação; R$ 42,4 bilhões (5,8%) em obras de infraestrutura; R$ 23,3 bilhões (3,2%) no sistema de transporte; R$ 21,8 bilhões (3,0%) no sistema de transportes; e R$ 9,5 bilhões (1,3%) na indústria.

O panorama mostra, ainda, que R$ 13,4 bilhões foram previstos para gestão de riscos e prevenção de desastres, no período analisado, mas menos de 40% dos valores autorizados foram efetivamente pagos.

“O governo federal só repassou R$ 5,3 bilhões aos Municípios para ações de proteção e defesa civil, o que representa somente 39,8% prometido. Não adianta fazer um inventário, ir atrás do dinheiro, porque não vem nada, é zero. Dos decretos de situação de anormalidade, só 48% dos Municípios preencheram os danos causados e mesmo assim de forma muito elementar, porque os prefeitos não acreditam mais no governo federal", afirma Ziulkoski.

Com informações, Agência CNM de Notícias.

@portalcnm

Acesse o Panorama dos Desastres no Brasil – 2013 a 2024>>


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