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Perdeu, Mané!

Apostam on-line "roubam" o sonho da faculdade de 34% dos jovens brasileiros

Gastos com bets atrasam o ingresso dos brasileiros na graduação e, entre os matriculados, 14% dos alunos já atrasaram as mensalidades ou trancaram o curso em razão dos gastos com as apostas

10/07/2025 - 12:03 Por Wilson Lopes

 Principais resultados 

  • 72% já realizaram apostas em sites de apostas on-line
  • 52% apostam regularmente
  • 28% já deixaram de frequentar restaurantes, bares ou sair com amigos por comprometerem os rendimentos com apostas esportivas
  • 21% já deixaram de investir em algum curso, idioma ou outro aprendizado por comprometerem seus rendimentos com apostas esportivas
  • 34% acreditam que não tenham iniciado a graduação por comprometerem seus rendimentos com apostas
  • 14% iniciaram o curso de graduação e precisaram atrasar a mensalidade ou trancar o curso devido aos gastos com apostas esportivas
  • 64,7% realizam apostas on-line diariamente/semanalmente 
Conforme o levantamento, os gastos em sites de apostas on-line são um dificultador adicional para o ingresso na graduação

O desembolso feito pelos brasileiros com apostas esportivas continua impactando o ingresso e a continuidade dos estudos. Esta é uma das principais constatações da nova edição da pesquisa ‘O Impacto das Bets 2 - Como as apostas on-line estão interferindo no acesso dos brasileiros à graduação’, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e pela Educa Insights.

Conforme o levantamento, os gastos em sites de apostas on-line são um dificultador adicional para o ingresso na graduação, especialmente para pessoas que desejam estudar em instituições particulares de educação superior. 

Entre os entrevistados, 34% afirmaram que precisariam ter interrompido as apostas para iniciar os estudos no primeiro semestre de 2025; esse número cai para 24% quando se considera o segundo semestre.

Em um recorte regional, a pesquisa constatou que Nordeste e Sudeste são as regiões com a maior proporção de brasileiros que associam o adiamento da graduação à prática de apostas on-line. Em relação ao primeiro semestre de 2025, os percentuais são 44% e 41%, respectivamente. Para o segundo semestre, os índices são 32% e 27%. No sentido oposto, as regiões Sul e Centro-Oeste possuem as populações que menos fazem essa relação: 17% e 18% para 2025.1 e 16% e 14% para 2025.2.

Para o primeiro semestre de 2026, a projeção nacional indica que, dos quase 2,9 milhões de potenciais ingressantes na educação superior privada, aproximadamente 986 mil estão sob risco de não efetivar a matrícula por conta do comprometimento financeiro com apostas on-line. O comparativo com a pesquisa de setembro de 2024 mostra um aumento de 7,76% no Nordeste e de 9,39% no Sudeste, enquanto na região Norte houve queda de 33,16% e no Centro-Oeste de 24,97%.

Os impactos não se limitam ao ingresso. A pesquisa aponta que 14% dos alunos já matriculados em instituições particulares atrasaram as mensalidades ou trancaram o curso em razão dos gastos com bets. Esse índice é ainda maior nas classes B1 e B2, onde chega a atingir a marca de 17%.

Comportamento financeiro

Segundo a pesquisa, 52% dos entrevistados apostam regularmente, sendo a frequência predominante de uma a três vezes por semana. Os valores investidos variam conforme a classe social: enquanto os apostadores da classe A destinam, em média, R$ 1.210 mensais às apostas, nas classes D e E o valor médio é de R$ 421. 

Ainda que a maioria (cerca de 80%) afirme comprometer até 5% da renda mensal, cresceu o número de pessoas, especialmente entre os mais pobres, que ultrapassam a marca de 10% do orçamento com essa prática.

O comparativo com os dados de setembro de 2024 revela um agravamento da situação: o percentual de jovens que apostam subiu regularmente de 42,9% para 52%, e aqueles que dizem comprometer parte da renda com as bets passou de 51,6% para 54,2%. Além disso, houve um salto de 11,4 pontos percentuais na quantidade de pessoas que deixaram de iniciar uma graduação devido aos gastos com bets.

“O estudo mostra que as apostas on-line se tornaram um obstáculo adicional para o acesso à educação superior no Brasil. Precisamos olhar com seriedade para esse cenário e desenvolver políticas públicas que conscientizem os jovens sobre as responsabilidades envolvidas com a prática de apostar”, destaca Paulo Chanan, diretor-geral da ABMES.

Fonte: O Impacto das Bets 2 - Como as apostas on-line estão interferindo no acesso dos brasileiros à graduação

Perfil dos apostadores

A maioria dos apostadores é formada por homens de 26 a 35 anos, trabalhadores, com filhos, pertencentes às classes C e D e que cursaram o ensino médio em escolas públicas.

A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 24 de março de 2025 e ouviu 2.317 jovens de 18 a 35 anos de todas as regiões do país e de todas as classes sociais, com interesse em ingressar na educação superior privada.

Com informações da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
@redeabmes

Acesse a pesquisa ‘O Impacto das Bets 2 - Como as apostas on-line estão interferindo no acesso dos brasileiros à graduação’>>

 

 


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