O Cadastro Olivícola, realizado em 2021, identificou 321 olivicultores em 110 municípios, totalizando uma área plantada de 5.986ha no Rio Grande do Sul. Desse total, 53 produtores participaram de um estudo que rendeu a ‘Circular Técnica 14 - Caracterização de olivais no Rio Grande do Sul: aspectos socioeconômicos’, fitossanitários, de nutrição e fertilidade dos solos´, publicada em 2022 pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
Na média geral, os produtores envolvidos com a olivicultura, segundo o estudo, são mais instruídos, têm pequenas propriedades, processam suas produções antes da venda, alcançam melhores preços, mas, também, enfrentam problemas com mão de obra e falta de pesquisa.
- Em termos de escolaridade, a amostra pesquisada apresenta mais anos de estudo que a média da população brasileira: 72% deles têm curso superior ou superior incompleto.
- Mais de um quarto das propriedades identificadas possui entre 50 a menos de 100ha de área total. No entanto, mais de 26% das propriedades possuem menos de 20ha de área total.
- A olivicultura é a principal fonte de renda para 20,75% das propriedades participantes do estudo.
- Entre os que declararam que a oliveira já é uma cultura em produção e participa da renda da propriedade, há beneficiamento da azeitona por 76% dos produtores. Apenas dois entrevistados produzem azeitona em conserva, e 36% vendem o fruto in natura para indústrias processadoras.

O detalhamento é relevante, pois se verificam os preços de venda dos frutos in natura, com variação de R$ 3,00 a R$ 10,00 o quilograma, sendo a média do preço de venda da amostra de R$ 4,46/kg. Por outro lado, a média do preço de venda do litro de azeite de oliva da amostra ficou em R$ 103,00, sendo que a variação entre mínimo e máximo ficou entre R$ 70,00 a R$ 140,00 o litro. Os dois produtores que produzem azeitona de mesa apresentaram preços de venda bastante contrastantes, entre R$ 10,00 e R$ 80,00/kg.
Entre as dificuldades enfrentadas pelos produtores de oliveiras no estado, os entrevistados apontam a carência de mão de obra especializada na cultura, bem como a carência de pesquisa a respeito da oliveira para as condições locais.
Por outro lado, os produtores não apontaram problemas em relação ao preço pago pelo produto, no acesso a financiamentos para a atividade de beneficiamento da azeitona, nem dificuldades de acesso ao mercado.
No detalhamento da questão sobre as pesquisas, foi identificada a necessidade de estudos relacionados à adaptação de variedades para a região com floração mais tardia, práticas de manejo para minimizar os efeitos da alternância de produção, seleção de cultivares resistentes às principais pragas e doenças, recomendações de práticas de manejo fitossanitário, com destaque para o controle de formigas, da lagarta e da antracnose, bem como aquelas relacionadas à fertilidade e nutrição do solo.
Além dessas, informações sobre tecnologias de processamento de azeitonas de mesa e da extração do azeite de oliva na propriedade, utilizando máquinas de pequeno porte, também foram mencionadas.
Programa Produtos Premium
O programa 'Produtos Premium' busca fomentar a competitividade dos produtos gaúchos de excelência, conectando produtores ao mercado e promovendo selos de qualidade que atestam a superioridade das marcas. Atualmente, há quatro selos: 'azeite de oliva premium', 'carne premium', 'cordeiro premium' e 'cachaça premium'.
O selo de reconhecimento do azeite de oliva extravirgem como Produto Premium – Origem e Qualidade RS' é resultado de uma parceria entre a Sict e o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva).
Assim como nas edições anteriores, os azeites da safra 2024 que receberam o selo da Sict passaram por critérios rigorosos de comprovação de procedência e qualidade, que incluíram análises físico-químicas, sensoriais e documentais.
Quinto melhor do mundo

Certificado com o selo do programa 'Produtos Premium', da Sict, o azeite produzido pela Estância das Oliveiras, de Viamão, foi reconhecido no EVOO World Ranking, ranking global dos azeites de oliva extravirgem, consolidando-se entre os melhores do mundo.
A conquista reforça a qualidade e a excelência dos produtos premium produzidos no Rio Grande do Sul, destacando a força do setor no cenário nacional e internacional.
A Estância das Oliveiras, localizada em um dos principais polos de olivicultura do Estado (Viamão), ficou na quinta posição entre os fabricantes de azeite de oliva mais premiados do mundo em 2024.
As técnicas adotadas no local garantem a pureza e o sabor dos produtos, elevando-os à categoria de referência no mercado. Esse reconhecimento é resultado de um trabalho constante para aliar tradição e inovação na produção de azeites de alta qualidade.
O sócio-diretor da Estância das Oliveiras, Rafael Goelzer, ressaltou a importância das características do produto para receber as premiações.
“A acidez é importante, mas o que realmente diferencia um azeite extravirgem de altíssima qualidade são as notas de sabor e a complexidade que ele atinge com zero defeito. O azeite não pode apresentar defeitos olfativos ou gustativos e, além disso, precisa amplificar as notas de sabor. Nossos azeites chegam a atingir até 12 notas de sabor”, constatou.
Conforme o sócio-diretor da Estância das Oliveiras, 2025 promete ser um ano ainda melhor que 2024 em termos de produtividade no Rio Grande do Sul, mantendo o mais importante, a qualidade dos azeites.
“Além disso, estamos entusiasmados com a abertura das ações de olivoturismo, que incluirão degustações orientadas, almoços temáticos, visitas aos olivais e ao lagar, proporcionando uma experiência única para quem deseja conhecer mais sobre a produção e a excelência dos nossos produtos”, disse.
A Prosperato (Caçapava do Sul), as Fazendas do Azeite Sabiá (Encruzilhada do Sul), a Al-Zait & Co (Rosário do Sul) e a Agroturismo Recanto Maestro (Restinga Seca) também receberam reconhecimento internacional pelo trabalho desenvolvido na área.

Bagaço de azeitona na nutrição de ovelhas
O projeto para utilização do bagaço da azeitona na nutrição de ovelhas gestantes vai ser desenvolvido pelo Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (CESIMET) de Hulha Negra em parceria com a Embrapa Clima Temperado.
“Nós vamos utilizar este subproduto da indústria do azeite para suplementar estas ovelhas no período pré e pós-parto. Esta suplementação vai ser em diferentes níveis de inclusão do bagaço na dieta e vamos avaliar o que vai mudar no peso ao nascer dos cordeiros, o desempenho dos cordeiros até a desmama, o que interfere na questão de sanidade das mães, principalmente no período pós-parto, quando as ovelhas são mais suscetíveis às verminoses”, afirma Gabriel Fiori, médico veterinário do CESIMET.
O início do estudo está previsto para julho, se todo o material estiver disponível. Neste momento, o projeto está na fase de captação de insumos como inoculantes para fazer o armazenamento deste bagaço e para os componentes da ração, entre outros.
Atualmente, o Centro conta com um rebanho de 20 matrizes da raça Corriedale, alocadas a partir de um Termo de Cooperação FPE 2787/2024 entre o Fundo de Desenvolvimento da Ovinocultura (Fundovinos) e a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (ARCO). Além desta pesquisa, o rebanho vai também ser utilizado para o treinamento de produtores, técnicos de campo e do Serviço Veterinário Oficial. Estas capacitações terão diversas temáticas, como cursos de esquila, inseminação artificial em ovinos, treinamento com fiscais agropecuários dentro do Programa Estadual de Sanidade Ovina (Proeso), do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA).

Feira do Azeite Gaúcho
Há cinco anos, apreciadores de azeite de oliva extravirgem têm um local para comprar produtos de qualidade, diretamente de olivicultores do Rio Grande do Sul: no pátio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em Porto Alegre. É a Feira do Azeite Gaúcho, que ocorre durante dois sábados por mês. O horário é das 8h às 12h. Frequentam o espaço, por mês, mais de 200 pessoas.
A parceria entre a Seapi (por meio do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura – Pró-Oliva) e o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) iniciou em 2019 com 12 participantes e hoje são 16 produtores de 11 municípios.
A Feira oferece seis variedades de azeites: Arbequina, Arbosana, Koroneiki, Picual, Coratina e Manzanilla, além dos blends (mistura de dois ou mais azeites elaborados com diferentes variedades de olivas), disponíveis para degustação também. Ainda podem ser encontradas azeitonas em conserva e produtos derivados do azeite, como sais de banho, xampu e condicionador para cabelos, além de facas e artesanatos feitos com madeira das oliveiras e extrato das folhas das árvores, entre outros.

Objetivo comercial nos últimos 10 anos
No Brasil, conforme o estudo ‘Caracterização de olivais no Rio Grande do Sul: aspectos socioeconômicos, fitossanitários, de nutrição e fertilidade dos solos’, a olivicultura foi introduzida pelos portugueses por volta de 1800 e cultivada nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entretanto, o desenvolvimento da cultura com objetivo comercial somente voltou a ser impulsionado nos últimos 10 anos, incentivado pelo consumo crescente de azeites e azeitonas.
Segundo o Ibraoliva, a área plantada no país está em torno de 10 mil hectares. Embora o aumento da produção tenha sido expressivo nos últimos anos, o Brasil ainda é dependente desse produto e, entre os anos de 2019 e 2020, importou 104.179 toneladas de azeite de oliva.
A área plantada com oliveira no RS tem crescido a cada ano, tendo aumentado em torno de 58% em relação à 2017, quando a área estimada foi de 3.464,6 hectares.
Embora a oliveira tenha se adaptado bem às condições edafoclimáticas do RS, com a expansão da área plantada, cresce também a necessidade de ampliar o conhecimento sobre a cultura, pois ainda não há recomendações técnicas para o desenvolvimento da olivicultura no Estado.

Expectativa da safra 2025 é de 6.500 hectares plantados
O município de Cachoeira do Sul (RS) sediou a 13ª Abertura Oficial da Colheita da Oliva. A cerimônia foi realizada na planta industrial da Azeite Puro, da família Farina e foi organizada pela Seapi e pelo Ibraoliva.
Na ocasião, o Ibraoliva e a Seapi assinaram protocolo de intenções visando desenvolvimento de pesquisas e inovações para melhoria dos processos produtivos, com ênfase na sustentabilidade e resiliência climática da olivicultura; envidar esforços para estímulo e obtenção de recursos para a pesquisa em olivicultura em diversas agências de financiamento e entidades parceiras; oportunizar o compartilhamento de olivais para consecução de atividades de pesquisa; promover a integração entre os diferentes setores que compõem a cadeia produtiva; e qualificar o setor com a promoção de cursos, treinamentos e demais ações com vistas à capacitação técnica. A parceria também foi firmada com a Embrapa Clima Temperado.
A estimativa para a safra 2025 é de cerca de 6.500 hectares plantados por 340 produtores em 112 municípios. As maiores áreas estão na 'Metade Sul', destacando-se em Encruzilhada do Sul, Canguçu, Pinheiro Machado, Bagé, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Santana do Livramento, São Sepé, São Gabriel, Sentinela do Sul e outros. Em 2024, a produção de azeites foi de 190 mil litros. Atualmente são 25 fábricas com cerca de 100 marcas de azeite.
A Seapi também conta com o Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-oliva), que entre as principais ações estão o estímulo a mudas de qualidade e defesa sanitária; pesquisa e Assistência Técnica; industrialização de azeites e conservas; e crédito/financiamento.
Com informações de Maria Alice Lussani e Darlene Silveira, Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi); e Bernardo Zamperetti, Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict).
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