A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou o Coopera+, programa que investirá R$ 16,9 milhões na industrialização da cadeia da reciclagem no Distrito Federal, com foco nas cooperativas de catadores. O evento ocorreu na sede da Central das Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop).
Na ocasião, a ABDI firmou convênios com três redes de cooperativas de catadores do DF, beneficiando em torno de 30 cooperativas e 1,1 mil catadores. A iniciativa tem como objetivo ampliar em até 30% a produtividade da coleta seletiva, triagem e tratamento de resíduos recicláveis, além de aumentar em 20% a renda dos catadores, reforçando o papel essencial dessas cooperativas na economia circular.
Segundo o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, a indústria recicladora tem um impacto positivo sobre a vida dos trabalhadores do setor. “Essa é a indústria que transforma, é a indústria que trabalha com a sustentabilidade, com esses desafios climáticos que a gente tem, porque reaproveita a matéria-prima. Reaproveita o resíduo como matéria-prima para a indústria”, afirmou.
Segundo Cappelli, o projeto fortalece não apenas a indústria da reciclagem sustentável — que abastece setores como o químico —, mas também promove inclusão social. “A gente está falando da vida das pessoas. E eu, nesse contato, na construção desse projeto, tenho aprendido todos os dias com os catadores”, disse. “Eles vão poder produzir mais, de forma mais digna, com empilhadeiras, esteiras, uma série de equipamentos que vão ajudar muito, aumentando a produtividade, a competitividade”, completou.
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou a importância do cooperativismo para estruturar a cadeia da reciclagem no Brasil e promover inclusão produtiva. “Cooperativismo faz diferença, porque ele permite agregar valor, entregar direto na indústria, ter melhor renda, melhor logística, mais mercado”, disse.
Alckmin destacou, ainda, ações do governo federal. “Abrimos crédito através do BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Aumentamos o imposto de importação para resíduos, para valorizar o trabalho aqui de todos vocês”, afirmou, referindo-se também à recente medida que restringe a importação de resíduos recicláveis.

Dignidade, estrutura e esperança
Cleusimar Andrade, presidente da Rede Alternativa, comemorou a oportunidade de nivelar os cooperados com melhores condições de venda direta à indústria. “Esse projeto está nivelando todos os nossos cooperados. Hoje, a gente já consegue melhorar a nossa vida e vender direto para a indústria”, disse.
Cláudia Maria Alves de Morais, presidente da Central Centro-Oeste (CCO), agradeceu pelos equipamentos recebidos. “Esses equipamentos são de grande valia. Neste momento, duas cooperativas estão sendo atendidas, mas sabemos que o projeto vai se estender para as demais”, afirmou.
Aline Sousa, diretora e ex-presidente da Centcoop, emocionou-se ao falar da trajetória das cooperativas durante o evento. “Todo mundo sabe como é difícil estruturar a reciclagem no Brasil. E aí vem uma agência voltada para a indústria e investe quase 17 milhões de reais nas cooperativas. A indústria está investindo no segmento certo. Reciclagem não é barata, ela precisa ser viabilizada, e é isso que a ABDI está fazendo”, apontou.
Lucia Fernandes do Nascimento, presidente da Centcoop, destacou como os equipamentos poderão proporcionar melhores condições de trabalho e de negociação para os catadores. “Hoje são 24 cooperativas, e 20 serão beneficiadas. Com essa vinda desses caminhões, essas cooperativas terão poder e autoridade para comercializar seu material”, falou a presidente.
Entre os serviços e equipamentos que serão entregues com os recursos do programa Coopera+ estão:
- 23 caminhões
- 2 equipamentos compactadores
- 12 contêineres
- 1 equipamento de roll-on/roll-off
- 2 prensas
- 4 esteiras
- 4 plataformas
- 2 mini pás-carregadeiras
- 3 empilhadeiras
- 60 carrinhos porta big bag
- Sistemas de pesagem
- Consultorias em processos produtivos, logística e economia circular
30 cooperativas
As entregas beneficiarão diretamente cerca de 30 cooperativas do DF, que integram três grandes redes: CENTCOOP, Rede Alternativa e a CCO, somando cerca de 1,1 mil catadores. Com isso, estima-se um aumento de 15% a 30% na produtividade da coleta seletiva, triagem e tratamento de resíduos recicláveis, 10% a 30% a mais no número de trabalhadores, e um crescimento de até 20% na renda dos catadores.
Hoje, a CCO comercializa cerca de 700 toneladas de materiais recicláveis por mês. Já as sete cooperativas da Rede Alternativa geram mensalmente 180 toneladas. A Centcoop, segundo o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), responde por 25,25% das compras de materiais recicláveis no DF — aproximadamente 867 toneladas mensais.

Catadores no centro da nova economia
A profissionalização da gestão e a industrialização da operação vão preparar as cooperativas para uma nova realidade econômica. A expectativa é que a eficiência logística, os novos equipamentos e o acesso a consultorias especializadas reduzam custos, ampliem o faturamento e fortaleçam as centrais de comercialização. Tudo isso com protagonismo dos catadores, que deixam de ser invisíveis para se tornarem peça-chave de uma nova política ambiental e produtiva.
Modelo para o Brasil
Além de estruturar a cadeia da reciclagem no DF, o Coopera+ foi concebido como modelo de política pública replicável nacionalmente. A iniciativa está alinhada à Política Nacional de Resíduos Sólidos, ao Plano Nacional de Inclusão Produtiva e à Estratégia Nacional de Economia Circular, convergindo com os objetivos da Nova Indústria Brasil, que busca um setor produtivo mais verde, justo e inovador.
O Coopera+ também dialoga com o ‘Recircula Brasil’, plataforma nacional lançada pela ABDI e ABIPLAST que conecta os elos da cadeia de reciclagem e promove a rastreabilidade dos resíduos desde a origem — geralmente nas cooperativas. A ferramenta já articula mais de 300 fornecedores de sucata plástica em 11 estados e será essencial para ampliar o acesso das cooperativas a novos modelos de negócio e créditos de reciclagem.
Com informações, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
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