Sinal de alerta!
- 80% de probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos ultrapasse 2024 como o mais quente já registado
- 86% de probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos esteja mais de 1,5°C acima da média de 1850-1900
- 70% de probabilidade de que o aquecimento médio de 5 anos para 2025-2029 seja superior a 1,5 °C
- O aquecimento a longo prazo (com média de décadas) permanece abaixo de 1,5°C
- Aquecimento do Ártico deverá continuar a ultrapassar a média global
- Os padrões de precipitação apresentam grandes variações regionais
O Relatório da WMO Global Annual to Decadal Climate Update 2024/2028 (Atualização Climática Anual e Decenal) da Organização Meteorológica Mundial (OMM) prevê que a temperatura média global próxima à superfície, calculada anualmente para cada ano entre 2025 e 2029, deverá ser entre 1,2°C e 1,9°C maior do que a média dos anos de 1850 a 1900.
Há 80% de chance de que pelo menos um ano entre 2025 e 2029 seja mais quente do que o ano mais quente já registrado (atualmente 2024). E há 86% de chance de que pelo menos um ano seja mais de 1,5°C acima do nível pré-industrial. O relatório não fornece previsões globais para anos individuais.
Segundo o relatório, há uma previsão de 70% de probabilidade de que o aquecimento médio quinquenal para o período de 2025 a 2029 seja superior a 1,5°C. Esse número é superior aos 47% do relatório do ano passado (para o período de 2024 a 2028) e aos 32% do relatório de 2023 para o período de 2023 a 2027.
Cada fração adicional de grau de aquecimento provoca ondas de calor mais nocivas, eventos extremos de chuva, secas intensas, derretimento de camadas de gelo, gelo marinho e geleiras, aquecimento do oceano e elevação do nível do mar.
Amazônia mais seca
O aquecimento do Ártico nos próximos cinco invernos prolongados (novembro a março) deverá ser mais de três vezes e meia maior que a média global, 2,4°C acima da temperatura média durante o período de referência mais recente de 30 anos (1991-2020).
Previsões de gelo marinho para março de 2025/2029 sugerem novas reduções na concentração de gelo marinho no Mar de Barents, Mar de Bering e Mar de Okhotsk.
Os padrões de precipitação previstos para maio a setembro de 2025/2029, em relação à linha de base de 1991/2020, sugerem condições mais úmidas do que a média no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria, e condições mais secas do que a média para esta estação na Amazônia.
Os últimos anos, com exceção de 2023, na região do Sul da Ásia têm sido mais chuvosos do que a média, e a previsão sugere que isso continuará no período de 2025 a 2029. Isso pode não ocorrer em todas as estações do ano nesse período.
A atualização é produzida pelo Met Office do Reino Unido como Centro Líder da OMM para Previsões Climáticas Anuais e Decadais. Ela fornece uma síntese das previsões dos Centros Globais de Produção designados pela OMM e de outros centros contribuintes. É um dos produtos da OMM que fornecem monitoramento científico e previsões do nosso clima para subsidiar a tomada de decisões.
“Acabamos de vivenciar os dez anos mais quentes já registrados. Infelizmente, este relatório da OMM não oferece nenhum sinal de trégua nos próximos anos, e isso significa que haverá um impacto negativo crescente em nossas economias, em nossa vida cotidiana, em nossos ecossistemas e em nosso planeta”, disse o Secretário-Geral Adjunto da OMM, Ko Barrett.
O nível de 1,5 °C (e 2,0 °C) especificado no Acordo de Paris refere-se ao nível de aquecimento a longo prazo inferido a partir das temperaturas globais, normalmente ao longo de 20 anos. Espera-se que exceda temporariamente esses níveis com frequência crescente à medida que o aumento subjacente da temperatura global se aproxima desse nível.
Dois mapas mundiais mostram anomalias na temperatura média do conjunto para 2025/2029, com tons de vermelho variados indicando temperaturas próximas à superfície acima da média em comparação com 1991/2020.
1) Anomalia da temperatura média anual global próxima à superfície; 2) Média anual do Atlântico; 3) e Fenômeno El NiñoPrevisão próxima à superfície
O relatório ‘Estado do Clima Global 2024’ da OMM, divulgado em março, confirmou que 2024 foi provavelmente o primeiro ano civil a ficar mais de 1,5 °C acima da média de 1850/1900, com uma temperatura média global próxima à superfície de 1,55 ± 0,13 °C acima da média de 1850/1900. Foi o ano mais quente nos 175 anos de registro observacional.
O nível atual de aquecimento já provoca ondas de calor mais nocivas, eventos extremos de chuva, secas intensas, derretimento de camadas de gelo, gelo marinho e geleiras, aquecimento do oceano e aumento do nível do mar.
Sob o Acordo de Paris, os países concordaram em manter o aumento da temperatura média global da superfície a longo prazo bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e em prosseguir os esforços para limitar o aumento a 1,5°C. A comunidade científica tem alertado repetidamente que um aquecimento superior a 1,5°C arrisca desencadear impactos muito mais severos das mudanças climáticas e eventos climáticos extremos, e cada fração de grau de aquecimento importa.
A conferência da ONU sobre mudanças climáticas deste ano, a COP30, analisará planos de ação climática atualizados, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas, cruciais para alcançar as metas do Acordo de Paris.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) define os níveis futuros de aquecimento global em termos de uma média de 20 anos. O relatório da OMM ‘Estado do Clima Global 2024’ apresentou três métodos para estimar o nível atual de aquecimento global, com estimativas centrais variando de 1,34 °C a 1,41 °C em comparação com a linha de base de 1850/1900, com base em uma série de métodos – embora tenha observado as faixas de incerteza nas estatísticas de temperatura global e relatado uma faixa de confiança de 90% abrangendo 1,1-1,7 °C.
Esta última previsão climática decenal prevê que a estimativa central do aquecimento médio de 20 anos para o período de 2015 a 2034 será de 1,44 °C (com um intervalo de confiança de 90% de 1,22 a 1,54 °C). Uma equipe de especialistas internacionais da OMM está considerando todas essas estimativas para garantir um acompanhamento consistente, confiável e oportuno das mudanças de temperatura global a longo prazo.
Frequentadores se refrescam na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro (RJ) durante semana com alerta de calor extremo (Fernando Frazão/Agência Brasil)Atualização Decadal
A Atualização Global Anual para Decadal é um dos produtos climáticos da OMM, incluindo os principais relatórios sobre o Estado do Clima Global, que buscam informar tomadores de decisão e formuladores de políticas por meio de atualizações regulares sobre informações e conhecimento climático.
O Met Office do Reino Unido é o Centro Líder da OMM para Previsões Climáticas Anuais e Decadais e lidera a produção desta Atualização.
A atualização deste ano inclui 220 membros do conjunto de modelos contribuídos por 15 institutos diferentes, incluindo quatro Centros Globais de Produção: Barcelona Supercomputer Centre, Canadian Centre for Climate Modelling and Analysis, Deutscher Wetter Dienst e o Met Office do Reino Unido.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) é uma agência especializada das Nações Unidas responsável por promover a cooperação internacional em ciência atmosférica e meteorologia.
A OMM monitora o clima, o tempo e os recursos hídricos e oferece suporte aos seus membros na previsão e mitigação de desastres. A organização está comprometida em promover o conhecimento científico e melhorar a segurança e o bem-estar públicos por meio de seu trabalho.
Com informações, Clare Nullis, oficial de mídia da OMM.
@wmo_omm
Acesse o relatório ‘WMO Global Annual to Decadal Climate Update 2024/2028’>>
