Dos 497.408 registros recebidos pela Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), no período de janeiro a julho de 2025, 86.025 foram denúncias de violência contra mulheres.
Ao receber a ligação, os 300 atendentes da central de apoio fazem o registro e encaminham as denúncias de violência aos órgãos competentes nos estados, no Distrito Federal e nos municípios e, também, orientam sobre direitos das mulheres, leis e serviços especializados da rede de atendimento.
Responsável pelo serviço, o Ministério das Mulheres lançou o Painel de Dados do Ligue 180, de acesso público, com informações detalhadas sobre os tipos de violência, perfil das vítimas e agressores e o contexto das denúncias.
O lançamento da ferramenta em 7 de agosto marca os 19 anos da sanção da Lei Maria da Penha (11.340/2006) e integra a campanha Agosto Lilás. A mobilização deste ano tem o tema ‘Não deixe chegar ao fim da linha. Ligue 180’.
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Mapa do terror
Desde o segundo semestre de 2024, a plataforma interativa reúne e organiza informações sobre os atendimentos realizados pela central pelos diferentes canais de atendimento: ligação telefônica para o número 180, e-mail [[email protected]], WhatsApp, no número (61) 9610-0180 e videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas com surdez.
A coordenadora-geral da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 do ministério, Ellen dos Santos Costa, indica que os dados são inéditos e servem para retratar a violência de gênero no país.
“É função do Ligue 180 preparar relatórios analíticos e uma base de dados para fortalecimento das políticas e direcionamento do orçamento de forma efetiva para a gente fomentar essas políticas mais eficazes, mais focadas e mais territorializadas, conforme as dinâmicas das violências que a gente vem identificando”.
Violência em números
Os dados do Ligue 180 de janeiro a julho de 2025 revelam que a maioria das mulheres vítimas de violências é heterossexual, com 49.674 denúncias (57,7%); e negra, com 38.068 denúncias (44,3%).
Em 40.933 casos (47,58%), o suspeito era parceiro ou ex-parceiro da mulher vítima. Ainda foram registrados, no período, 4.588 casos (5,3%) de violência cometida por vizinhos, 9.883 mantinham outros tipos de relação com a vítima e em outras 7.589 (8,8%) ocorrências, o vínculo não foi declarado.
Em relação às pessoas apontadas como agressoras, a maioria dos identificados nas denúncias é heterossexuais (42.320 suspeitos, o que corresponde a 49,2%) e pessoas negras (35.586, 41,4%), seguidas por 27.587 (32%) denúncias com suspeitos de praticar a agressão classificados como pessoas brancas. O Ministério das Mulheres evidencia o impacto da violência de gênero agravado pela questão racial.
Sobre o tipo de violência, entre as principais relatadas no contexto de violência doméstica e familiar e relações íntimas de afeto, destacam-se 35.665 casos de violência física (41,4%); 24.021 de violência psicológica (27,9%) e 3.085 de violência sexual (3,6%).
Fora do alcance da lei Maria da Penha, a central também registrou 9.866 casos de violência psicológica em outros contextos e 4.566 denúncias de outras formas de violência.
Quando o filtro do painel é para o cenário da violência, a maioria das denúncias são de ocorrências dentro da residência da vítima, com 35.063 registros (40,7%). Outros 24.238 casos (28,2%) foram em domicílios compartilhados entre a vítima e o suspeito. Há também registro de 4.722 denúncias (5,5%) de violência cometida na casa do suspeito.
Segundo o Painel de Dados do Ligue 180, muitas mulheres convivem com a violência por longos períodos antes de buscar ajuda. Entre as denúncias recebidas, 21,9% (18.871) são referentes a violências iniciadas há mais de um ano; em 9% das denúncias (7.715) as violências começaram há mais de cinco anos. Em 8,6% (7.442), tiveram início há mais de dez anos.
Rede de atendimento
O Ministério das Mulheres também disponibilizou para consulta o Painel da Rede de Atendimento à Mulher com o mapa de serviços públicos disponíveis ao público, como as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams) da Polícia Civil dos estados; juizados e promotorias especiais de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher, abrigos de mulheres vítimas de agressão e demais serviços.
Ligue 180
A ligação para o Ligue 180 é gratuita e mantém o sigilo de quem busca o serviço para pedir informações ou fazer denúncias.
A central funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, para acolhimento, orientação e registro de denúncias, destinado às mulheres em situação de violência.
É possível fazer a ligação de qualquer lugar do Brasil. No caso de mulheres que estejam no exterior, o serviço pode ser acessado via chat no WhatsApp, (61) 9610-0180. O serviço realiza atendimento em quatro línguas (português, inglês, espanhol e Libras),
Em casos de emergência, a orientação do ministério é acionar a Polícia Militar local, por meio do número 190.
Acesse o Painel de Dados do Ligue 180>>