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Quem socorre o hospital?

Crises climáticas põem em risco um em cada 12 hospitais

Relatório aponta que unidades de saúde não são adaptadas às mudanças climáticas, enchentes e tornados

15/11/2025 - 10:38 Por Paula Laboissière, Agência Brasil

Mais de 540 mil pessoas morrem todos os anos em razão do calor extremo em todo o mundo, enquanto um em cada 12 hospitais arrisca paralisar suas atividades por causas relacionadas ao clima.

Os dados fazem parte do relatório Saúde e Mudanças Climáticas: Implementando o Plano de Ação em Saúde de Belém, divulgado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, no Pará.

O documento, lançado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dá sequência ao lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, primeiro plano internacional de adaptação climática dedicado exclusivamente à saúde, que já conta com adesão de mais de 80 países e instituições.

Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o relatório comprova que as mudanças climáticas impactam diretamente os sistemas de saúde em todo o mundo.

“Mais de 60% da população mundial vive hoje os impactos das mudanças climáticas na sua saúde, sejam tragédias e crises como a que vimos em Rio Bonito do Iguaçu [PR], que destruiu unidades de saúde, paralisou o atendimento médico, o acompanhamento de gestantes, a vacinação”, alertou.

Áreas altamente vulneráveis

O relatório destaca que entre 3,3 bilhões e 3,6 bilhões de pessoas vivem atualmente em áreas classificadas como altamente vulneráveis às mudanças climáticas, enquanto os hospitais enfrentam 41% mais risco de danos causados por eventos climáticos extremos do que em 1990.

O documento indica que, sem uma rápida descarbonização, o número de unidades de saúde ameaçadas pode dobrar até meados do século, o que, de acordo com o ministério, evidencia a importância de medidas de adaptação para proteger a infraestrutura de saúde.

Os dados mostram que o próprio setor da saúde é responsável por cerca de 5% das emissões globais de gases de efeito estufa e precisa acelerar sua transição para sistemas de baixo carbono e resilientes ao clima.

O relatório aponta ainda que 54% dos planos nacionais de adaptação em saúde avaliam riscos às unidades de saúde, sendo que menos de 30% dos estudos consideram renda, 20% abordam gênero e menos de 1% incluem pessoas com deficiência.

“Apenas entre 6% e 7% dos US$ 22 bilhões investidos para o enfrentamento das mudanças climáticas no mundo são para adaptação dos sistemas de saúde”, destacou Padilha.

Segundo o ministro, é necessário mais financiamento para a reconstrução das unidades de saúde num padrão que resista às crises climáticas, enchentes e tornados, além de mais financiamento para que os países possam ter monitoramento de dados e sistemas de informação que cruzem dados de clima e saúde.

O relatório também mostra que, entre 2015 e 2023, o número de países com sistemas nacionais de alerta precoce dobrou para 101, cobrindo dois terços da população mundial. No entanto, apenas 46% dos países menos desenvolvidos e 39% dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento contam com sistemas eficazes.

“A mensagem central do relatório é clara: já há evidências suficientes para agir em larga escala. Intervenções eficazes, de baixo custo e alto impacto existem para cada um dos eixos do Plano de Ação em Saúde de Belém”, destacou o Ministério da Saúde em nota.

 Propostas 

O documento conclama os governos a:

  • integrar objetivos de saúde às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e aos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs);
  • utilizar as economias geradas pela descarbonização para financiar a adaptação em saúde e capacitar profissionais;
  • investir em infraestrutura resiliente, priorizando unidades de saúde e serviços essenciais;
  • empoderar comunidades e o conhecimento local na formulação das respostas que reflitam as realidades vivenciadas.

Acesse o Plano de Ação em Saúde de Belém>>


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