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"Eis, meu povo, o banquete"

Jesus Cristo teria vivido em Rishikesh e morrido em Srinagar, na Índia

Manuscritos, teorias e livros ressuscitam debate em torno do que teria acontecido dos 12 aos 30 anos e após a morte de Jesus Cristo

24/06/2024 - 12:00 Por Wilson Lopes

“Issa: A história nunca revelada sobre a juventude de Jesus”, obra de 2010 da professora americana Lois Drake, relata a passagem de Jesus entre seus 12 aos 30 anos pelo Oriente. Ancorada em pergaminhos encontrados em um mosteiro do Tibete, junto com narrativas de quatro autores em diferentes épocas, Drake registra um Jesus ainda adolescente que peregrina pelo norte da índia, em busca de desenvolvimento espiritual, nas proximidades da cidade de Rishikesh, às margens do Rio Ganges, onde fica conhecido como Santo Issa. 

Esta trajetória coincide com o momento da ascensão do Império Kushan, quando Jesus conhece o herdeiro da família real e, juntos, seguem os ensinamentos do mestre Maitreya, que mais tarde ficaria conhecido como Buda.

O escritor alemão Holger Kersten, autor do livro “Jesus viveu na Índia”, bestseller na sua 26ª edição, dedica a obra a questionar por que o Cristianismo ignora as conexões de Cristo com as religiões do Oriente. No livro, ele apresenta evidências de que Jesus realmente viveu no Afeganistão e na Índia, seguindo a antiga Rota da Seda. 

Kersten também acredita que Jesus sobreviveu à crucificação e, após sua ressurreição, retornou à Índia e lá viveu até seus últimos dias, sendo enterrado em Srinagar, capital da Caxemira.

Conhecimento exotérico

Ficção, blasfêmia ou simplesmente conjecturas, as duas obras contribuíram para fazer das cidades de Rishikesh e Srinagar roteiros cada vez mais procurados por seguidores do Cristianismo.

Rishikesh (236.634 habitantes), no estado indiano de Uttarakhand, é serpenteada pelo rio Ganges, aos pés da Cordilheira dos Himalaias. Reconhecida como ‘Yoga Capital of the World’, a cidade destaca-se como importante centro de estudo da meditação, sendo um dos lugares mais sagrados para os hindus. Em função da importância religiosa do lugar, comida não vegetariana e bebidas alcoólicas são estritamente proibidas por lei em Rishikesh. Em fevereiro de 1968, os Beatles visitaram a cidade e compuseram várias canções do disco ‘Álbum Branco’.

Srinagar (894.940 habitantes), na região indiana da Caxemira, já foi governada pelos impérios Maurya, Kushans, Mughal, Durrani, Sikhs até o Raj Britânico. Palco de embates bélicos envolvendo os governos indiano e paquistanês, a cidade abriga o templo de Rozabal, onde estão os restos mortais de Yuz Asaf, que, para um grupo de fiéis, seria Jesus Cristo. Essa ideia é defendida por adeptos de um movimento do islamismo batizado de ‘ahmadiyya’.

A comunidade ahmadiyya prega que Jesus seguiu uma longa jornada rumo ao oriente atravessando os territórios da Síria, Turquia, Irã, Afeganistão até chegar à Caxemira, em busca das tribos perdidas de Israel. 

Lustosa, durante sua peregrinação pela Índia

Autoconhecimento 

O escritor Alberto Lustosa, autor de “O homem que conversa com a vida!”, vivenciou a cultura indiana em uma experiência imersiva. No artigo “Índia: o caos, harmoniosamente organizado”, publicado pela revista Cidades (jan/2008), Lustosa instigou: “Quer conhecer um país ou uma cidade? Conheça os seus mercados e o seu trânsito, onde as pessoas se relacionam e se mostram verdadeiramente e sem
cerimônias.”

Lustosa peregrinou por Rishikesh, onde Jesus Cristo teria buscado desenvolvimento espiritual. Sobre esse assunto, Alberto relata que Jesus viveu no Oriente Médio, como relata a Bíblia, mas a sua mensagem de amor, arrependimento, perdão e acolhimento vive em todos os lugares da Terra. 
O extraordinário é saber que Jesus “esvaziou-se a si mesmo” para servir, tornando-se semelhante aos homens. Essa atitude é que fascina aos buscadores e que desejam encontrar elementos que justifiquem que Ele tenha vivido aqui ou acolá. Mas o essencial não é onde Ele viveu, mas, sim, que nós vivamos o seu exemplo.  

Cristãos são 3% na Índia e 1,9% em Israel

Onde Jesus teria passado a sua juventude e o que teria acontecido com seu corpo após a sua morte são dilemas que ainda renderão inúmeras polêmicas. De fato, é que seja na Palestina (hoje, Israel) ou na Índia, os ensinamentos do Messias sempre repercutiram para uma minoria. 

Segundo o censo de 2001, mais de 80% da população da Índia seguem o hinduísmo (religião que não tem um fundador, nem um livro sagrado como única fonte de inspiração), 14% o islamismo, 3% o cristianismo, 2% o sikhismo, 1% o budismo, 0,41% o jainismo, e 0,65% as outras crenças (Agência Senado).

Mesmo considerada terra sagrada, Israel figura entre os dez países com menor número de religiosos no mundo. Pesquisa do Gallup International mostrou que 57% dos israelenses não são religiosos; 8% são ateus convencidos; 30% são religiosos; e 5% não souberam ou se recusaram a responder. Na Cisjordânia e em Gaza, apenas 19% dos entrevistados responderam não ser religiosos.

Conforme dados divulgados pela agência oficial Vatican News, os cidadãos cristãos representam apenas 1,9% da população de Israel. O livro anual de estatística de Jerusalém listou 1.204 sinagogas, 158 igrejas de várias congregações e 73 mesquitas na cidade. A única que pode ser considerada cristã, a Basílica do Santo Sepulcro, tem administração compartilhada pelas igrejas Católica Romana, Católica Ortodoxa, Apostólica Armênia, Ortodoxa Copta, Ortodoxa Siríaca e Ortodoxa Etíope.

Com informações, Marcel Vincenti, Nossa UOL.


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